O presidente do PSD alertou esta terça-feira que, se o Governo ceder às pretensões de BE e PCP, haverá "um aumento brutal de impostos" sobre as poupanças e para todos os portugueses que têm casas no mercado de arrendamento.
O jornal Eco noticiou que, no âmbito do Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo está a negociar com os partidos à esquerda o englobamento obrigatório de rendimentos no IRS, o que poderá significar um agravamento fiscal para muitos proprietários.
"Se o PS e o Governo cederem a isso estamos a dar mais um passo totalmente errado no sentido que a economia precisa", criticou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, no final de uma iniciativa de campanha autárquica na Póvoa de Varzim.
A confirmar-se esta notícia, afirmou Rio, será de "extrema gravidade" e o PSD apresentará uma proposta em sentido contrário no próximo Orçamento do Estado.
"O orçamento entrando, e se isso estiver lá, não tenha dúvida. É estruturante no nosso discurso em termos de política económica em Portugal, temos de incentivar a poupança e não o consumo", defendeu, dizendo que, "se fosse primeiro-ministro", tentaria baixar as taxas liberatórias - que se aplicam a quem recebe rendas ou às poupanças bancárias, por exemplo - para o mínimo valor possível.
Rui Rio fez questão de explicar que, se avançar o englobamento obrigatório de rendimentos, passará a aplicar-se às poupanças e às rendas recebidas pelos proprietários "Aquela que for a sua taxa de IRS".
"Quer isto dizer que, se acabarem as taxas liberatórias, as pessoas que têm casas arrendadas vão ter um aumento de imposto brutal, a mesma coisa para quem tiver títulos de poupança", afirmou.
Para o líder do PSD, num país em que a taxa de poupança já é "muito baixa" e devendo ser esse o motor do investimento, "o Governo está a ir no sentido rigorosamente contrário ao que deve ser feito".
"Na prática, o Governo diz que não vale a pena poupar porque vamos taxar mais fortemente a poupança", afirmou.
Rui Rio admitiu que, no seu programa, o PS já tinha "umas linhas" sobre o tema, mas "na prática" nunca aceitou o englobamento obrigatório, temendo que desta vez a medida avance.
"Como nós sabemos, o Governo faz o braço de ferro, mas depois na hora cede para que o orçamento seja aprovado", anteviu.
Questionado se esta notícia leva o PSD a antecipar, desde já, o voto contra no próximo Orçamento, Rio respondeu negativamente.
"Não vou anunciar porque o Orçamento ainda não existe, mas se a lógica for de montar um orçamento do Governo PS com fortíssima influência do PCP e do BE, não vejo como possamos votar a favor", admitiu.
Com o vice-presidente da bancada do PSD especialista em Orçamento, Afonso Oliveira, ao lado, foi Rui Rio quem fez questão de introduzir o tema no último ponto do seu dia de campanha autárquica.
Na Póvoa de Varzim, uma câmara do PSD, Rio repetiu o modelo habitual de entrar nas várias lojas e cumprimentar os comerciantes locais, numa arruada em passo acelerado e que fugiu à opção de visitar sobretudo concelhos liderados pelo PS.
"Este é um concelho de perfil diferente, um concelho onde claramente o PSD tem maioria e trabalho desenvolvido há muitos anos, nada está ganho por antecipação, é preciso as pessoas votarem", apelou.
Algumas dezenas de pessoas acompanharam Rio e o presidente da Câmara e recandidato Aires Pereira, que elegeu no último sufrágio autárquico sete elementos, a que se juntam dois eleitos dos PS.
Além desta candidatura do PSD, também João Trocado, pelo PS, Jorge Machado, da CDU, Sónia Vieira, pelo Chega, Ricardo Zamith, pela Iniciativa Liberal e Filipa Afonseca, pelo Bloco de Esquerda, se apresentaram como candidatos à Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.