Pais de atirador condenados a penas entre 10 e 15 anos de prisão
09-04-2024 - 20:45
 • Marta Pedreira Mixão

Os procuradores consideraram que os Crumbleys foram criminalmente negligentes.

Os pais de um atirador de uma escola do Michigan, nos Estados Unidos, que matou quatro estudantes, em novembro de 2021, foram condenados, esta terça-feira, a penas entre 10 e 15 anos de prisão por homicídio involuntário.

Jennifer e James Crumbley foram condenados depois dos pais das vítimas terem prestado declarações em tribunal

"Não foi só o vosso filho que matou a minha filha, mas vocês também", disse Nicole Beausoleil, mãe de uma das vítimas.

A 15 de março, o tribunal considerou o pai culpado por ter ignorado as necessidades de saúde mental do seu filho de 15 anos e por lhe ter comprado a arma semiautomática que utilizou no ataque ao Oxford High School. Porém, a sentença só foi conhecida esta terça-feira. Também a mãe foi considerada culpada peas mesmas acusações.

O caso remota a 2021, quando Ethan Crumbley levou uma pistola semiautomática para a escola e matou quatro colegas. Em dezembro de 2023, o jovem declarou-se culpado e foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de ser libertado.

Os procuradores nos julgamentos dos Crumbleys consideraram que os pais foram criminalmente negligentes.

No julgamento do pai, a procuradora Karen McDonald considerou o ataque "evitável e previsível" e defendeu que James Crumbley não tomou as medidas mínimas para garantir que o filho não constituía uma ameaça, depois de lhe oferecer uma pistola semiautomática como presente, dias antes do ataque.

Os procuradores também acusaram os pais de não terem feito o suficiente para lidar com o declínio da saúde mental do filho, relatando que, na manhã do dia do tiroteio, os dois pais participaram e abandonaram uma reunião escolar sobre desenhos perturbadores que o jovem teria feito, recusando-se a levá-lo para casa.

A reunião deu-se depois de um professor ter descoberto desenhos de Ethan Crumbley retratando uma arma, uma bala e uma figura a sangrar ao lado das palavras "Sangue por toda parte", "A minha vida é inútil" e "Os pensamentos não vão parar - ajudem-me".

Perante a recusa dos pais de o levarem para casa, os funcionários terão enviado o jovem de volta para as aulas.

"Costumávamos dizer que tínhamos o filho perfeito"

Em declarações ao tribunal antes de conhecer a sentença, Jennifer Crumbley expressou a sua "mais profunda tristeza". A mãe do jovem garantiu que não fazia ideia de que o filho era capaz de matar.

"O meu marido e eu costumávamos dizer que tínhamos o filho perfeito. Eu acreditava mesmo nisso", confessou.

"Vou ficar na minha própria prisão interna para o resto da vida", acrescentou, citando os nomes das vítimas do filho. "Se há alguma coisa que o público em geral pode tirar daqui, é que isto também vos pode acontecer."

"Lamento a vossa perda como consequência do que o meu filho fez. O meu coração está com cada um de vós", disse o pai, dirigindo-se ao Tribunal e às famílias das vítimas.

Ao proferir as sentenças, a juíza reiterou que as condenações não tinham que ver com uma “má educação”, mas que James Crumbley era responsável pelo "acesso sem restrições" do filho à arma do crime e que Jennifer Crumbley glorificava as armas.

Esta é a primeira vez que os pais de um atirador em massa são responsabilizados criminalmente.