A Câmara de Espinho anunciou este sábado que não prescindirá do direito de informar diariamente a população sobre a evolução epidemiológica local da pandemia da covid-19, apesar das instruções em contrário por parte do Ministério da Saúde.
O presidente da Câmara garante que não está sozinho. Joaquim Pinto Moreira não aceita as instruções do Ministério da Saúde, que proibiu, na sexta-feira, os delegados de saúde pública de cada município de divulgarem as estatísticas locais diárias. Sem estes dados, os autarcas ficam limitados aos números da Direção-Geral da Saúde (DGS), “que para além de serem parciais, não são fiáveis”, diz.
À Renascença, o autarca de Espinho diz que “é absolutamente inaceitável” recusarem o acesso aos números locais. “Parece que voltamos ao tempo do lápis azul da censura e isso não podemos aceitar”. Além disso, “tem uma implicação directa no território, impede de fazer o acompanhamento epidemiológico e de implementar as medidas adequadas.”
Joaquim Pinto Moreira dá como exemplo os dados de ontem para Espinho, em que a informação local apontava para 48 infectados, enquanto a DGS ainda só contabilizava 37. O autarca lembra que têm de actuar “com base em informação real e não com premissas erradas. Os dados reais são reportados pelos delegados de saúde, era este o sistema de informação que devia funcionar e estão a funcionar de forma absolutamente indevida”, acrescenta.
Uma posição em que garante que não está sozinho. Pinto Moreira já terá falado com vários autarcas e o sentimento é comum, estão “profundamente insatisfeitos”. Fala numa “atitude negacionista do governo, absolutamente inadmissível” e em “políticas da lei da rolha”.
Joaquim Pinto Moreira, que chefia o executivo camarário e proteção civil local, garante que a "Comissão Municipal de Espinho não abdicará da divulgação dos dados locais”. Promete ainda questionar os Ministérios da Saúde e da Administração Interna sobre esta matéria.