A Administração do Património da Santa Sé anunciou na terça-feira a sua disponibilidade para baixar rendas de espaços comerciais, como forma de minorar os impactos do Covid-19 nos comerciantes.
A medida é anunciada perante “as situações de particular dificuldade económica que os inquilinos estão a enfrentar, como resultado das medidas emitidas pelas autoridades italianas” para impedir a disseminação da epidemia do novo coronavírus.
A “redução significativa da mobilidade” e os decretos restritivos do Governo colocaram “muitas empresas em sérias dificuldades”, incluindo aquelas que desenvolvem as suas atividades usando propriedades que pertencem à Santa Sé.
As duas entidades que gerem a administração imobiliária (a Administração do Património da Sé Apostólica – Apsa – e a Congregação para a Evangelização dos Povos) tornaram pública, por isso, a decisão de “aceitar pedidos de redução temporária dos pagamentos de contratos comerciais”.
Face à crise provocada pela epidemia, a Esmolaria Apostólica, braço da caridade do Papa Francisco, quer continuar a garantir apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, adaptando-se aos decretos emitidos pelo governo italiano e às disposições da Santa Sé.
“Deixamos os chuveiros e banheiros abertos porque para os pobres é uma necessidade e isso deve ser respeitado. Obviamente, isso implica observar as regras e as distâncias de segurança”, explica o cardeal Konrad Krajewski.
“A mensagem que queremos enviar aos sem-abrigo é apenas uma: não estão sozinhos diante da emergência, estamos aqui”, acrescenta o colaborador do Papa, em declarações ao portal ‘Vatican News’.
Uma das mudanças relaciona-se com a distribuição das refeições, para evitar filas.
“Oferecemos uma sacola que eu chamo de “sacola de coração” porque é preparada com amor. Dentro, colocamos um sandes, duas bananas, maçãs, atum e depois entregamo-la pessoalmente”, relata o cardeal polaco.
A Diocese de Roma promove esta quarta-feira uma jornada de oração e jejum, a que o Papa se associou com uma mensagem, em vídeo, na qual pede a intercessão da Virgem Maria perante a “emergência sanitária”.
A Missa no Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor vai ser transmitida, através das redes sociais e de canais televisivos da Igreja Católica; a celebração é presidida pelo cardeal Angelo De Donatis, vigário do Papa para a Diocese de Roma.
Em 1944, Pio XII e os habitantes da capital italiana pediram proteção para Roma, neste santuário, durante a retirada das tropas nazis; mais de 75 anos depois, o Papa Francisco confia “a cidade, a Itália e o mundo à proteção da Mãe de Deus, como sinal de salvação e de esperança”.
A diocese vai promover uma recolha extraordinária de donativos para ajudar o pessoal de saúde que está a cuidar dos doentes.
Cumprindo as determinações das autoridades italianas, a Conferência Episcopal do país comunicou às comunidades católicas a suspensão das missas e funerais até 3 de abril, conforme determinação do governo italiano.
Os bispos sublinham que os padres continuam disponíveis para “acompanhar o caminho dos fiéis, com a oração e o sacramento da Reconciliação”.
A Santa Sé decidiu ainda fechar a entrada de turistas na Praça e Basílica de São Pedro, num pacote de “novas medidas para evitar a difusão de coronavírus”.
A Itália é o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9100 contaminados pelo novo coronavírus.