A partir desta sexta-feira, a Livraria Lello, no Porto, expõe três das 42 cartas de amor de Bob Dylan. A data escolhida assinala, precisamente, os 117 anos da histórica livraria.
Adquiridas num leilão, em novembro do ano passado, as 150 páginas de cartas do cantor e compositor norte-americano exigiram um investimento que ultrapassou o meio milhão de euros.
Uma das cartas ficará exposta no primeiro andar, enquanto outras duas vão estar na Sala Gemma, local onde a livraria guarda o seu acervo mais valioso. As restantes "vão ficar no cofre, para serem devidamente estudadas", explica Andreia Ferreira à Renascença.
A diretora geral de marca da Lello conta que estas são "cartas de amor de um adolescente apaixonado". Os textos, escritos entre dezembro de 1952 e abril de 1959, "eram de quando Robert Zimmerman, nome verdadeiro de Bob Dylan, estava completamente apaixonado pela namorada da altura, Barbara Ann Hewitt".
"Ela tinha-se mudado para uma cidade a três horas de distância de onde Dylan vivia e a única forma que tinha de comunicar era através de carta."
Ainda muito antes de ser Prémio Nobel da Literatura, Dylan "escrevia quase todos os dias, às vezes mais do que uma vez por dia". As cartas "descrevem os dramas típicos de um adolescente, que revelam as suas origens enquanto músico e que contam o sonho que ele tinha de vender um milhão de discos". Até hoje já vendeu mais de 125 milhões.
"Ele fala de uma forma muito emotiva, muito intensa. E a forma como ele escreve reflete-se, mais tarde, na forma como escreve algumas das suas músicas mais icónicas como 'Blowin’ in the Wind' ou o 'The Times They Are A-Changin'", conta Andreia Ferreira.
"Um ato de amor e de loucura"
A Livraria Lello adquiriu as 42 cartas num leilão de que teve conhecimento através da imprensa e avançou para a compra "num ato de amor e de loucura", admite a responsável. Mas este foi, também, um "ato racional", porque são "cartas que naturalmente continuarão a ser valorizadas".
A Livraria Lello espera guardar e estudar as cartas: "Como o Dylan sonhava vender um milhão de discos, também nós, de forma arrojada, nos queremos tornar no maior colecionador privado do mundo", revela Andreia Ferreira. "Por isso continuamos a investir num livro raro e no livro antigo, onde estas cartas se enquadram."
Os 117 anos da Livraria Lello são também assinalados com o lançamento de uma coleção de livros distópicos e de um outro livro com as histórias da própria livraria. As visitas são gratuitas ao longo da tarde desta sexta-feira.