A ministra do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, garantiu, esta terça-feira, em Alcanena, que "os lares são uma prioridade assumida pelo Governo desde o início".
A governante tem estado debaixo de várias críticas desde que, no sábado, foi publicada uma entrevista no Expresso na qual confessou não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o surto no lar de Reguengos de Monsaraz, que vitimou 18 pessoas.
Mendes Godinho disse ainda que, entretanto, já consultou os relatórios que foram produzidos sobre os acontecimentos do lar da Fundação Maria Inácia Silva.
Em resposta às questões dos jornalistas, Ana Mendes Godinho repetiu várias vezes que a sua missão "é arranjar formas de reforçar a proteção das pessoas ".
A ministra lembra que a população dos lares é bastante vulnerável, sendo que "mais de 50% tem mais de 80 anos". "São pessoas que temos de ter mais cuidado de proteger", identifica.
Sobre os detalhes do que se passou naquela povoação alentejana, a ministra disse que a informação foi toda remetida ao Ministério Público, e "é nessa sede de processo deve ser analisado". Mendes Godinho chamou ainda a atenção de que os quatro relatórios que existem sobre os acontecimentos de Reguengos de Monsaraz têm dados que são contraditórios entre si.
A governante diz também que os lares foram reforçados com mais seis mil trabalhadores desde que a pandemia chegou ao país.
Em relação à avaliação dos relatóirios, a mesma serve para "perceber o que podemos fazer em conjunto". "A primeira grande necessidade é, antes de os surtos acontecerem, podermos reforçar os recursos humanos", avança. Isto porque, segundo a ministra, é muito comum que nestes casos "muitos trabalhadores fiquem sem capacidade de trabalhar".
A polémica em que a ministra se viu envolvida surgiu por causa da aparente relativização que fez do impacto da pandemia de Covid-19 nos lares em Portugal, que compara também com outros países europeus, e por ter afirmado que não leu o relatório da Ordem dos Médicos sobre o surto em Reguengos de Monsaraz.
Na sequência destas declarações, o CDS veio pedir a demissão da ministra e o PSD uma audição parlamentar urgente.
Na mesma entrevista, a ministra da Segurança Social defende o reforço na “aposta nos recursos humanos do setor social” e numa “numa nova geração de respostas sociais, mais vocacionadas para um envelhecimento ativo e saudável”.
Ana Mendes Godinho diz ainda que devemos retirar lições da pandemia, “até em termos de regras de construção” de novos lares, “para garantir, por exemplo, o isolamento sempre que necessário”.