O rei emérito de Espanha, Juan Carlos, anunciou esta segunda-feira que deixará de exercer atividades institucionais e que abandonará a vida pública a partir de 2 de junho, cinco anos após ter abdicado da coroa em favor do filho. A decisão de Juan Carlos foi divulgada num comunicado do Palácio da Zarzuela, residência oficial da família real espanhola.
A mesma fonte precisou que Juan Carlos comunicou a sua decisão ao filho, o rei Felipe VI, numa carta em que lembra os últimos cinco anos e como tem exercido, ao longo desse período, atos institucionais com “o mesmo empenho” do que quando era monarca em funções.
Porém, o rei emérito de Espanha, atualmente com 81 anos, acredita que chegou o momento de se afastar da vida pública e dos compromissos institucionais. “Chegou o momento de virar uma nova página na minha vida e concretizar a minha retirada da vida pública”, escreveu Juan Carlos, lembrando que esta já era uma ideia que andava a amadurecer e que a “inesquecível comemoração” do 40.º aniversário da Constituição espanhola, assinalado em 2018, deu-lhe a certeza que precisava para tomar tal decisão.
“Foi um ato solene cheio de emoção para mim, que me fez evocar, com orgulho e admiração, a recordação de tantas pessoas que contribuíram para fazer que tornaram possível a transição política e renovaram o meu sentimento de gratidão permanente com o povo espanhol, o verdadeiro artífice e principal protagonista daquela etapa transcendental da nossa história recente”, prosseguiu Juan Carlos. Perante isso, o rei emérito espanhol frisa que com uma “firme e ponderada convicção” manifesta a sua vontade e desejo de dar tal passo e “parar de exercer atividades institucionais a partir do próximo dia 02 de junho”.
Na mesma carta, o monarca emérito manifesta o “carinho e orgulho de pai” que sente por Felipe VI, que foi proclamado rei em junho de 2014, após a abdicação de Juan Carlos.
Juan Carlos, que viveu em Portugal quando era jovem, foi o primeiro rei após a ditadura franquista e um artífice essencial na transição espanhola da ditadura para a democracia a partir de 1977, tendo abdicado do trono em 2014 na sequência do seu envolvimento em vários escândalos.