Costa não parece “desejoso" de retomar estado de emergência” e quis “colar” Marcelo à decisão
31-10-2020 - 22:34
 • Fábio Monteiro

Para André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, o primeiro-ministro não quis “fechar possibilidade” e optou por não dar “indicação clara” do que pretende antes da audiência com o Presidente da República.

Ao anunciar que solicitou uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa para discutir um novo estado de emergência, António Costa quis partilhar o peso político da decisão, explica André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, em declarações à Renascença.

“A indicação que a questão ia ser discutida com o Presidente da República, para além de constitucionalmente fazer sentido, creio que tem uma motivação política. António Costa podia ter dito que ia discutir, mas já ter dado uma indicação clara do que pretendia”, diz.

Segundo o politólogo, Costa não pareceu estar, na conferência de imprensa após o conselho de ministros, “especialmente desejoso de promover o estado de emergência - como aconteceu na primeira vez.”

Ao mesmo tempo, o governante não quis fechar essa possibilidade. “Acima de tudo, creio que lhe interessa politicamente associar Marcelo Rebelo de Sousa à decisão vá ela em que sentido for”, nota André Azevedo Alves.

E, na equação de um novo estado de emergência, lembra, deve também ser incluído o nome de Rui Rio. “Embora não o tenha referido, António Costa tem também implícito que o líder do PSD apoiará as medidas que forem tomadas. Isso também lhe dá alguma margem de conforto quer para a decisão, quer para a implementação”, sublinha.

Com conjunto de medidas restritivas anunciadas, Costa procurou “um equilíbrio” de modo a proteger a economia. "Estava claramente a sentir a pressão de ter que anunciar medidas. Isso é algo que pode ser compreendido pela evolução da pandemia em Portugal e o número crescente de casos”, aponta.