Vida nova para seis famílias de refugiados que chegam hoje a Lisboa
17-12-2015 - 07:15
 • Paula Costa Dias , Celso Paiva Sol

Quase quatro meses depois das primeiras decisões sobre um plano global de acolhimento de refugiados na União Europeia, chega esta quinta-feira o primeiro grupo de pessoas que irão passar a viver em Portugal. São 24, de cinco nacionalidades, e já têm destinos bem definidos.

Dez refugiados chegam de Itália, os outros 14 da Grécia. Em ambos os casos vêm de campos de refugiados em que se encontravam desde que chegaram a solo europeu. São 21 adultos e três crianças, uma delas bebé, agrupados em seis famílias, mas também com alguns elementos que chegam sozinhos.

No grupo existem iraquianos, sírios, eritreus, sudaneses, e ainda uma tunisina, por ser casada com um dos refugiados da Eritreia e não propriamente por estar em fuga do seu país.

No aeroporto de Lisboa, para além de ministros e secretários de Estado, vão ter à sua espera os representantes das oito entidades que os irão acolher e que os irão encaminhar de imediato para os respectivos destinos: Lisboa, Cacém, Torres Vedras, Marinha Grande, Penafiel, Alcobaça e Vinhais.

Em Portugal ainda terão que passar por um processo de validação dos pedidos de asilo, mas, se não surgir qualquer impedimento, têm estadia garantida por um período que vai dos 18 aos 24 meses.

A caminho de Alfeizerão

Vindos da Grécia e de Itália, três jovens refugiados têm Alfeizerão como destino. À sua espera vão ter técnicos e responsáveis da Santa Casa da Misericórdia (SCM) para os conduzir a uma das infra-estruturas do centro de acolhimento e emergência social.

Nesse espaço, antecipa a assistente social Catarina Castelhano, “terão quartos individuais e a casa de banho será partilhada”, além de “uma sala de convívio, cozinha e refeitório”, três espaços comuns da casa.

Os jovens vão ficar ali alojados temporariamente, enquanto a instituição prepara três moradias devolutas e um projecto de vida. Lamentando não ter ainda todas as informações desejáveis sobre estes jovens, a assistente social frisa que terão de aprender português. À Renascença, Catarina Castelhano acredita que a integração deverá ser o mais natural possível, já que “não faz grande sentido forçar a integração promovendo encontros ou o que quer que seja”.

E quanto a trabalho, terão de fazer como os portugueses. A assistente social revela que “neste protocolo está já assegurada a inscrição deles no Instituto de Emprego e Formação Profissional”, de modo que o emprego será promovido “através da colaboração com o IEFP”.

A ansiedade é muita, a preparação específica para este tipo de situação não houve, até porque, apesar de em Março passado se ter disponibilizado para acolher refugiados, só esta segunda-feira é que a instituição soube que quando chegariam.

É um desafio para a SCM, assume o provedor. Admitindo poder receber até 15 refugiados, José Luís Monteiro descreve: “primeiro estivemos virados para o local, para a população, depois com a valência do centro de acolhimento de emergência social já se virou para o exterior e, agora, para além fronteiras”.

É por isso, “mais um passo no caminho da solidariedade que também não deve ter fronteiras”, afirma.

Estes dois dias serão para conhecer a vila. Os primeiros dias do resto da nova vida destes três jovens que fogem da guerra.