Bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida sustenta que os calvários de hoje são as “guerras, fome, prepotência, dominação, escravidão, indiferença e falta de vontade real e eficaz de baixar da cruz a tantas pessoas crucificadas”. Na homilia da Celebração da Paixão do Senhor, esta tarde na Catedral de Bragança, D. Nuno Almeida defendeu que não se deve “passar ao largo e olhar para outro lado perante os “calvários” e os “infernos” do nosso tempo”.
“Ontem, na televisão, uma jovem sobrevivente do terrível atentado de Moscovo, lançava um forte e emocionado apelo: sejamos mais bondosos e mais humanos uns para com os outros, não esperemos por momentos dramáticos como aquele que vivemos! Logo a seguir, os meus olhos encheram-se de lágrimas e do meu coração brotou uma oração de clamor perante as imagens de um bebé desnutrido num dos miseráveis hospitais de Gaza. Mas são tantas as crianças que agora ali morrem de fome e vítimas das armas. E são tantos outros os “calvários” e os “infernos” do nosso tempo!”, assinalou o bispo.
D. Nuno Almeida lembrou que “Cristo foi morto injustamente” e, que por isso, “temos obrigação de dizer que quem ofende e suprime a vida do Homem ofende e suprime a Cristo”.
“Não nos calemos para defender a dignidade da vida. Precisamos de uma ardente e corajosa ação educativa em favor da vida”, exortou.
“Jesus vive a tragédia do Calvário para dar aos “seus” e a todos, para além das suas extraordinárias palavras, para além dos seus milagres, para além das suas obras, também a vida. Oferece-se até à morte, gritando o abandono do Pai, até ao ponto de poder dizer: “Tudo está consumado”, concluiu.