O Bloco de Esquerda garante que já há acordo com o Governo para acabar com as apresentações quinzenais dos desempregados nos centros de emprego. O anúncio foi feito pela porta-voz do partido, Catarina Martins, na abertura da convenção que está a decorrer em Lisboa.
“Não aceitamos medidas que não servem nem para formação nem para encontrar emprego e que atribuem aos desempregados e desempregadas a culpa do desemprego. É preciso acabar com a perseguição das vítimas da crise. Há já acordo com o Governo e vamos acabar com a humilhação da apresentação das apresentações quinzenais”, anunciou Catarina Martins.
Está já marcado pelo Bloco um debate potestativo no Parlamento sobre este assunto. Mas este não foi o único anúncio feito pela líder do BE. Há mais um acordo, desta vez para defender o direito à habitação: “Há já acordo e em breve será a aprovação final no Parlamento da lei que permite que, entre outras alterações, a renda apoiada passe a ser calculada pelo rendimento líquido, baixando as rendas e protegendo o direito à habitação.”
Contactada pela Renascença, fonte do gabinete do ministro do Trabalho admite a existência de uma plataforma de entendimento sobre a questão das deslocações periódicas aos centros de emprego, mas garante que o Governo não abdica de um controlo efectivo da atribuição do subsídio de desemprego, remetendo para eventuais novidades para quarta-feira, dia em que o desemprego será tema de debate no Parlamento.
Se o Bloco tivesse mais força…
O discurso inicial de Catarina Martins foi também o momento para o Bloco fazer um balanço interno sobre o último ano e meio. Desde a última convenção o Bloco de Esquerda ganhou força, mais votos, mais deputados, assinou um acordo com o PS, faz parte da maioria parlamentar, teve um bom resultado nas presidenciais
Isto é só o início, avisou Catarina Martins, para quem é preciso dar ainda mais força ao BE. Aliás, a líder bloquista também afirmou que se o seu partido tivesse mais força, faria mais.
"Tivesse o Bloco tido mais força e o Banif não tinha sido entregue ao Santander. Tivesse o Bloco mais força e o governador do Banco de Portugal não continuava a assustar o país com ameaças de colapso bancário umas atrás das outras. Tivesse o Bloco mais força e Portugal não tinha assinado com a Turquia a vergonha do acordo anti-humanitário que é o contrário do que a Europa tinha que fazer”, disse Catarina Martins, que usou a frase “cumprimos a nossa palavra”, fazendo lembrar o mote do congresso do PS, que decorreu no início de Junho, e que teve como a frase de apresentação a expressão “prometemos, cumprimos”.
[Notícia actualizada às 14h34 com reacção do Governo]