Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa estão a partir desta terça-feira em Andorra, onde vão participar na 27.ª Cimeira Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo. São dois dias com uma agenda preenchida.
Ao princípio da tarde, o Presidente da República e o primeiro-ministro têm um encontro com representantes da comunidade portuguesa.
Em Andorra, há cerca de 12 mil emigrantes luso-descendentes. O número é adiantado pelo Conselheiro das Comunidades Portuguesas em Andorra, José Manuel da Costa.
De acordo com o conselheiro, trata-se de uma comunidade bem integrada, com origem sobretudo no norte de Portugal, Minho e Trás-os-Montes, mas têm chegado pessoas de outras regiões do país.
Há mais de 200 empresas com ligação a Portugal. O setor da construção ocupa grande parte da comunidade. Tal como em Portugal, não sofreu com a pandemia, havendo mesmo falta de mão de obra.
Outra atividade com grande concentração de portugueses é o da restauração e dos bares, cujos trabalhadores receberam apoios públicos, nas alturas em que foram obrigados a parar, situação que evitou o desemprego.
No entanto, José Manuel da Costa, assinala que em Andorra vivem-se sentimentos opostos, com muita oferta de trabalho na construção, ao mesmo tempo que famílias inteiras optam por regressar a Portugal. E em causa não está a perda de emprego no quadro da pandemia.
“Comigo estiveram em contacto cerca de vinte famílias. Querem regressar, mas não só por questões laborais. O custo de vida em Andorra é muito elevado. Arrendar um apartamento com dois ou três quartos pode chegar aos 900 euros”, explica José Manuel da Costa.
Entretanto, 20% da população de Andorra já recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Há cerca de 400 casos de infeção em todo o território. José Manuel da Costa destaca a qualidade dos serviços de saúde e afirma não ter conhecimento de casos graves da doença na comunidade lusa. “Aqui não brincamos com a saúde”, sublinha.
É neste quadro que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa visitam o país e o conselheiro José Manuel da Costa revela que um dos principais tópicos do encontro está centrado no ensino da língua portuguesa.
“Estamos com um número cada vez mais reduzido de alunos a aprender a nossa língua. Queremos falar de um problema que tínhamos com a segurança social, que, creio, já estará resolvido e o primeiro-ministro deve falar sobre isso, que era o envio dos cheques aos reformados que vivem em Andorra. Os bancos daqui cobravam comissão sobre o levantamento dos cheques, era um problema que estávamos a ter”, explica.
Outro tema que José Manuel da Costa gostava de ver discutido é a alteração à lei que regula a eleição dos conselheiros.
O encontro desta terça-feira realiza-se num hotel de Andorra La Vella, a capital. Devido à pandemia de Covid-19, o número de pessoas é limitado e as regras sanitárias serão apertadas.