O líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, defendeu hoje o discurso "duro, mas verdadeiro e democrático" do ex-Presidente da República Cavaco Silva, no sábado, considerando que as reações do PS demonstram nervosismo.
Na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PSD, que decorrem entre hoje e terça-feira no Funchal, sob o lema "Ambição para Portugal, Acreditar na Madeira", Joaquim Miranda Sarmento fez questão de se referir à intervenção de Cavaco Silva, que já motivou reações críticas de vários dirigentes socialistas, incluindo do secretário-geral e primeiro-ministro António Costa.
"O professor Cavaco Silva fez um discurso muito duro para com o Governo, mas inteiramente verdadeiro. Em nenhum momento ultrapassou o normal debate plural, democrático, a confrontação de diferentes ideias e diferentes políticas", considerou.
No sábado, durante o 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas, em Lisboa, o antigo Presidente da República acusou o Governo de ser especialista em "mentira e propaganda" e considerou que o primeiro-ministro perdeu a autoridade e não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui, sugerindo a sua demissão.
"Foi duro, foi contundente, foi realista, foi verdadeiro, mas foi democrático. Só podemos saudar que o país tenha uma figura com o relevo, com a credibilidade, e um estadista com a dimensão de Cavaco Silva e que mostre aos portugueses que chegámos a um ponto intolerável da degradação das instituições", afirmou.
Para o líder parlamentar do PSD, "a forma como o PS e alguns deputados socialistas reagiram mostram um enorme nervosismo" e que "sabem bem" como conduziram o processo que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e "como utilizaram serviços de informações do Estado para algo ilegal" (a recuperação de um computador de um adjunto exonerado).
"Nós enquanto grupo parlamentar do PSD, não deixaremos de fazer este escrutínio, seja na comissão de inquérito à TAP, seja em outras comissões, em plenários, ou em outros instrumentos que o Regimento nos dá, não deixaremos de fazer esse escrutínio ao que é abuso de poder e de uso das instituições por parte desta maioria absoluta", assegurou, chegando a acusar o PS de se achar uma espécie de "donos disto tudo".
À semelhança do que disse no sábado Cavaco Silva, também hoje Miranda Sarmento disse que o que se passou "nos últimos meses, semanas e, em particular na última semana, deixou todos estupefactos".
"As contradições, a forma leviana de governar, a forma como se usam as instituições para proveito do Estado e do PS mostram que existe um problema grave", criticou.
Miranda Sarmento fez uma curta intervenção na sessão de abertura das jornadas, que decorrem no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, e que contou também com discursos do presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, e do líder do PSD/Madeira e presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque.
Perante a maioria dos deputados do PSD à Assembleia da República, deputados do PSD no parlamento regional e dirigentes como Hugo Soares, Paulo Cunha e Pedro Duarte, o líder parlamentar do PSD elogiou o desenvolvimento ininterrupto da Região Autónoma.
"Há um grande contraste entre a Região Autónoma da Madeira nos últimos 20 anos e o que tem sido a governação socialista como um todo e que tem levado à estagnação do país", apontou.
O PSD assumiu que um dos objetivos destas jornadas parlamentares na Madeira é mostrar "a transformação e desenvolvimento" na Região governada pelos sociais-democratas desde 1976, com a expectativa de reforçar a maioria nas eleições que se realizam depois do verão.
Nas últimas regionais, em 2019, o PSD perdeu a maioria absoluta com que sempre governou a Madeira e assinou um acordo de coligação parlamentar e governamental com o CDS-PP e os partidos irão agora concorrer juntos numa coligação pré-eleitoral.
Atualmente, o PSD tem 21 dos 47 deputados da Assembleia Legislativa da Madeira, o CDS-PP três, o PS 19, o JPP três e o PCP tem um deputado.