O líder do Partido socialista considera que o Governo não tem uma estratégia para transformar a economia e que o “powerpoint” apresentado, na quinta-feira, mostra isso mesmo.
Em declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos disse ainda ter ficado desiludido porque o Governo não apresentou qualquer estratégia.
“Na realidade não foi apresentada uma estratégia para promover a transformação do nosso tecido económico e isso foi uma profunda desilusão. Porque falamos muito em pagar melhores salários em Portugal e só vamos conseguir isso de tivermos uma economia mais sofisticada”, referiu Pedro Nuno Santos, quando questionado sobre o pacote de medidas que o Governo anunciou após a reunião do Conselho de Ministros.
O líder do Partido Socialista refere que a única medida com impacto é a descida do IRC e essa redução até pode ser prejudicial para a economia, uma vez que é canalizada para sectores que não precisam dessa descida.
“O país está a abdicar de um volume importante de receita orçamental que vai ser canalizada para sectores que é muito duvidoso se faz sentido estarmos a promover poupanças no sector financeiro, na banca, os seguros ou a distribuição que é quem paga grande parte do IRC em Portugal”, disse.
Pedro Nuno Santos afirmou ainda que o Governo não tem uma visão, nem uma estratégia para a economia portuguesa e por isso escolhe o caminho mais fácil que é a descida do IRC.
Quanto ao Orçamento do Estado, o líder do partido socialista disse que o Governo tem de se “mexer, e por ao caminho” para elaborar o documento e fazer com que seja aprovado.
Questionado sobre se estas medidas podem afastar o PS de um apoio, Pedro Nuno Santos garantiu que "as medidas afastam cada vez mais o PS".
“Aquilo que o Governo tem feito nestes últimos meses afasta muito o PS. Os anúncios são de medidas erradas, que não só custam muito ao erário público, como não vão resolver os problemas dos portugueses”, declarou, numa alusão à redução do IRC.
“E a estratégia fiscal do Governo afasta-nos, porque é errada dos pontos de vista orçamental, da justiça social e do estímulo à transformação da economia, o que, obviamente, gera dificuldades de entendimento”, disse ainda Pedro Nuno Santos.
“A responsabilidade é do Governo, que não tem maioria absoluta no parlamento, porque os portugueses não lhe quiseram dar. Por isso, o Governo tem de fazer um esforço muito grande para garantir a sustentabilidade da sua governação. O PS não se põe de fora da resolução dos problemas do país, mas isso passa por denunciar o que está errado e não por viabilizar o que é errado. O que tem acontecido nos últimos meses não ajuda nada”, referiu o líder do Partido Socialista.