A situação de seca e o calor extremo está a afetar muitas das principais produções agrícolas portuguesas. Depois do azeite, também a pera rocha e o vinho vão sofrer reduções na produção o que fará aumentar o preço desses produtos.
Esta é uma realidade considerada inevitável pelos produtores, que depois de dois anos de interregno, devido à pandemia, se juntam a partir desta quarta-feira no Bombarral no 37.º Festival do Vinho Português, que decorre em simultâneo com a 27.ª Feira Nacional da Pera Rocha.
Domingos dos Santos, presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha - que representa anualmente cerca de 100 milhões de euros de exportações - já sabe que a campanha deste ano vai ser afetada pela seca severa, pelas altas temperaturas e pela falta de água.
“Forçosamente o preço terá que aumentar, porque se não acontecer para o próximo ano a produção de pera rocha cai para metade ou mais. Temo que a conta de cultura da maior parte dos produtores esteja no vermelho e eles não vão conseguir aguentar isso. Até porque, independentemente da quantidade, houve um acréscimo de custos brutal acima dos 40% em todo o processo produtivo e, portanto, se não aumentar o preço, os produtores vão à falência”, explica.
Um acréscimo de custos que também afetou a produção de vinho. Miguel Móteo, enólogo e um dos organizadores do certame, indica que o preço do vinho já está a aumentar. “Pelo facto de os custos de produção terem crescido muito, principalmente, com o acréscimo grande das matérias-primas, essencialmente do vidro e do cartão, na parte do embalamento.”
Além disso, na parte da produção também se registaram aumentos de custos devido ao preço dos adubos e produtos fitofarmacêuticos.
As condições climatéricas também afetaram a produção e são esperadas quebras de 10%, segundo o Instituto Nacional da Vinha e do Vinho.
Os efeitos das recentes condições climatéricas, aliadas à seca severa e extrema e à conjuntura internacional, com uma crise energética provocada pela guerra na Ucrânia.