O Papa celebrou a missa de encerramento do 52.º Congresso Eucarístico Internacional, na Praça dos Heróis, em Budapeste, na Hungria. No Angelus exortou os húngaros a não se entrincheirarem e estenderem os braços aos outros.
“Isto mesmo vos desejo: que a cruz seja a vossa ponte entre o passado e o futuro. O sentimento religioso é a seiva vital desta nação, tão afeiçoada às suas raízes. Mas a cruz plantada no solo, além de nos convidar a que nos enraizemos bem, ergue e estende os seus braços a todos: exorta a manter firmes as raízes, mas sem entrincheiramentos; a beber nas fontes, abrindo-nos aos sedentos do nosso tempo. O meu desejo é que sejais assim: alicerçados e abertos, enraizados e respeitadores. Isten éltessen [felicidades]!”
Não esqueceu a beatificação de duas testemunhas do Evangelho: o Cardeal Estêvão Wyszyński e Isabel Czacka, fundadora das Irmãs Franciscanas Servas da Cruz. “Duas figuras que conheceram de perto a cruz: o Primaz da Polónia, preso e segregado, manteve-se sempre um pastor corajoso segundo o coração de Cristo, arauto da liberdade e da dignidade humana”.
Antes, na homilia, pediu aos cristãos para não se conformarem e viverem a fé com intensidade.
“Queridos irmãos e irmãs, deixemos que o encontro com Jesus na Eucaristia nos transforme, como transformou os grandes e corajosos Santos que honrais: penso em Santo Estêvão e Santa Isabel. À semelhança deles, não nos contentemos com pouco; não nos resignemos com uma fé que vive de ritos e repetições, abramo-nos à novidade escandalosa de Deus crucificado e ressuscitado, Pão partido para dar vida ao mundo. Viveremos na alegria, e seremos portadores de alegria”.
Disse ainda que os cristãos devem rejeitar os falsos “messias” e seguir o exemplo de Jesus, rejeitando a violência e o uso da força. “Que grande distância existe entre Aquele que reina silenciosamente na cruz e o falso deus que gostaríamos de ver reinar pela força e reduzir ao silêncio os nossos inimigos! Como é diferente Cristo, que se nos propõe só com amor, comparado com os messias poderosos e vencedores, lisonjeados pelo mundo”, referiu na missa.
A intervenção sublinhou o risco de anunciar um “falso messianismo” e destacou que a diferença não está entre quem é religioso e quem não o é, mas “entre o Deus verdadeiro e o deus que é o próprio eu”.
Francisco, cuja defesa de migrantes e refugiados se converteu num dos símbolos do pontificado, viajou para dois dos países mais soberanistas da Europa, depois de terem fechado as portas à imigração, que criminalizam e relacionam com o terrorismo.
Visita decorre até 15 de setembro, apresentando-se como “peregrinação espiritual”.
Esta é a primeira viagem do Papa desde que foi operado ao cólon, em julho.
A 52.ª edição do CEI teve como tema “Todas as minhas fontes estão em Ti. A Eucaristia: Fonte da nossa vida e da nossa missão cristã”, contando com delegações de vários países, incluindo uma comitiva portuguesa de 26 pessoas.