Um casal de cristãos paquistaneses foi absolvido da acusação de blasfémia, esta quinta-feira, depois de terem passado oito anos atrás das grades, no corredor da morte.
Emmanuel e Shaguftah Masih são analfabetos, mas ainda assim tinham sido condenados à pena de morte por alegadamente enviarem mensagens a ofender Maomé e o Alcorão, em inglês, a vários clérigos muçulmanos, segundo a World Watch Monitor.
Esta quinta-feira o Supremo Tribunal de Lahore absolveu finalmente mais estas duas vítimas da lei da blasfémia, que é frequentemente abusada no Paquistão, sendo usada para prejudicar membros de minorias religiosas, muitas vezes entre os mais pobres da população.
O caso mais famoso nos últimos anos de falsa acusação de blasfémia no Paquistão envolveu a cristã Asia Bibi, mãe de vários filhos, que esteve nove anos atrás das grades antes de ser libertada, após forte pressão de países ocidentais. Contudo, Asia Bibi era apenas uma de dezenas de cristãos e membros de outras confissões religiosas, incluindo até alguns muçulmanos, que estavam na mesma situação.
Neste caso, quando Bibi foi finalmente libertada o seu lugar na cela da cadeia foi ocupado por Shaguftah. Emmanuel, que ficou paralisado da cintura para baixo num acidente de trabalho, há vários anos, passou o tempo todo na cadeia deitado numa cama, tendo sofrido de escoriações graves.
A blasfémia contra Maomé acarreta a pena de morte segundo o código penal paquistanês e ofensas ao Alcorão são punidas com prisão perpétua. Se é verdade que ninguém foi de facto executado ao abrigo da lei, também o é que vários acusados foram mortos extrajudicialmente na cadeia ou depois de terem sido libertados.
As tentativas ou propostas de revogar a lei têm sido mal recebidas pelas alas mais conservadoras do Paquistão, com manifestações em massa e, num caso famoso, o homicídio de um político muçulmano que criticou o processo contra Asia Bibi.