A pandemia revelou a insustentabilidade do atual modelo de Estado social a curto prazo, alerta o sociólogo e professor universitário Manuel Braga da Cruz, que defende um papel mais relevante da sociedade.
“O modelo de Estado social que temos, a curto prazo, é insustentável porque pretende atribuir a totalidade dos cuidados ao Estado”, aponta o antigo reitor da Universidade Católica para quem a pandemia veio demostrar que “uma demasiada concentração” de tarefas nas mãos do Estado dificulta “a resposta rápida e cabal a todas as necessidades”.
“A pandemia evidenciou situações de desigualdade. Não há igualdade de oportunidade perante a prestação de cuidados de saúde”, lamenta.
“Se houvesse liberdade de escolha na prestação de cuidados, estou convencido que a desigualdade não se teria manifestado de uma forma tão evidente como se manifestou”, reforça.
Para além da saúde, o ensino no nosso país é outra das áreas em que, para Braga da Cruz, o Estado falha na garantia de direitos e liberdades fundamentais.
Para o sociólogo, temos em Portugal “mais uma situação de tolerância de existência de escolas particulares e cooperativas e não, propriamente, uma verdadeira liberdade de ensino”.
"A liberdade de ensino pressupõe liberdade de escolha por parte dos pais e exige, ao mesmo tempo, uma livre competição entre as escolas e não é isso que se verifica."
Braga da Cruz é um dos oradores convidados do Congresso Popular que debate, de 10 a 12 de junho, em Viana do Castelo, os Direitos e Liberdades Fundamentais.