O Orçamento Suplementar (OS) vai ser discutido esta semana no parlamento depois do futuro ministro das finanças – toma posse em menos de 24h – ter apresentado um documento com o PIB a cair 6.9%, a taxa de desemprego prevista de 9,6% e o défice orçamental nos 6,3% do PIB.
As contas de João Leão comparam com previsões mais pessimistas para a economia portuguesa face ao impacto de uma crise Covid19 que, só na receita fiscal, irá provocar um corte de 8,7 mil milhões de euros em meio ano, quando em dezembro a proposta de OE de Mário Centeno previa um total de arrecadação fiscal de 95,3 mil milhões. O estado aguarda agora menos 12,6% de IVA e 25,4% no IRC num pano de fundo da segurança social sob enorme tensão.
Nas previsões externas ao governo, a colocar João Leão sob não menor pressão, o Conselho de Finanças Públicas vai até aos 11,8% na queda do PIB, 13,1% para o desemprego e 9,3% para o deficit. Já a OCDE no pior cenário prevê -11,3% para o PIB, 13% para o desemprego e 9,5% para o défice num quadro a não contabilizar os 1.2 mil milhões (0,6% do PIB) já reservados para salvar a TAP.
É o OS2020 de João Leão um instrumento chave para a recuperação da economia e na retoma da confiança tendente a acelerar a recuperação do consumo? Esta é uma das perguntas para uma emissão onde se analisa ainda o adeus de Mário Centeno ao governo, a TAP, questões éticas colocadas pelo desconfinamento e a vaga de destruição de estátuas no espaço público.
A análise é de Nuno Botelho, empresário e presidente da ACPorto, Manuel Carvalho da Silva, sociólogo e professor da Universidade de Coimbra e Ana Sofia Carvalho, especialista em bioética e docente da Universidade Católica.