O desmantelamento do sistema de comunicações móveis encriptadas EncroChat, bastante utilizada por muitas organizações criminosas, levou já à detenção de mais de 6.500 pessoas em todo o mundo, revelou esta terça-feira a Europol.
Segundo o comunicado, apresentado pelas autoridades francesas e neerlandesas em Lille (França), foram já detidas 6.558 pessoas, das quais 197 eram consideradas alvos muito importantes, na sequência da eliminação da ferramenta apelidada de "WhatsApp dos criminosos".
Entre os elementos detidos a partir das comunicações pelo sistema EncroChat esteve o português Rúben Oliveira, também conhecido como "Xuxas", num processo de tráfico de droga que está atualmente na fase de instrução e cujo debate instrutório está agendado para quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
Sublinhando o impacto da eliminação deste sistema de comunicações, como os quase 900 milhões de euros em ativos criminosos "congelados" ou apreendidos, a Europol referiu ainda que essa operação de desmantelamento "ajudou a prevenir ataques violentos, tentativas de homicídio, corrupção e transportes de droga em grande escala", tendo sido intercetadas mais de 115 milhões de conversas de teor criminoso entre cerca de 60 mil utilizadores.
De acordo com os números revelados pela nota de imprensa, o fim do EncroChat conduziu também à apreensão de 103,5 toneladas de cocaína, 163,4 toneladas de canábis, 3,3 toneladas de heroína ou mais de 30 milhões de comprimidos de drogas químicas.
Foram ainda apreendidos mais de 900 veículos, quase 1.000 armas, 83 barcos, 40 aviões, com os criminosos que já foram condenados desde então a somarem mais de 7.000 anos de penas de prisão.
A investigação às origens deste sistema começou em França no ano 2017, que descobriu que a empresa responsável operava através de servidores baseados naquele país.
Em 2019 foi aberto pelas autoridades francesas um processo na Eurojust (agência europeia para a cooperação judiciária) e no ano seguinte foi criada uma equipa de investigação conjunta, cujos resultados sobre as atividades criminosas passaram a ser partilhados pelas autoridades europeias.
A Europol explicou que os telefones EncroChat eram apresentados com garantia de total encriptação e não rastreabilidade das comunicações, além de disporem de um PIN especificamente criado para apagar todo o conteúdo do equipamento, caso os utilizadores se vissem na iminência de serem apanhados pelas autoridades.
Os critptotelefones vendidos pela EncroChat custavam cerca de 1.000 euros a nível internacional e eram ainda oferecidas assinaturas com cobertura mundial com um custo de 1.500 euros por seis meses.