"Desta vez foi alguém do vosso lado [o Hamas] que começou" o conflito com Israel, disse esta sexta-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao representante da Autoridade Palestiniana em Portugal.
O Presidente da República pediu à Palestina para ser um “exemplo de moderação” e para ter “cuidado e prudência” no conflito no Médio Oriente. Um apelo feito esta sexta-feira no Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, onde Marcelo Rebelo de Sousa visitou a banca da Palestina e falou com o chefe da missão diplomática em Portugal.
Quando Nabil Abuznaid recordou que o país está a passar por “tempos muito difíceis”, Marcelo respondeu que também depende das forças palestinianas o desenrolar da guerra daqui para a frente.
“Se quiserem ser um Estado independente, como defende as Nações Unidas, têm de ser moderados. De outra forma, vão perder a razão”, assinalou o chefe de Estado português, que reforçou os ataques do grupo Hamas a Israel a 7 de outubro. “Desta vez, o radicalismo começou por alguns dos Palestinianos (…) e não deviam”.
Nabil Abuznaid contra-argumentou que a ofensiva do Hamas “não é uma desculpa para a reação brutal de Israel - morreram 10 mil pessoas, senhor Presidente" e destacou que "na Palestina, vivemos sob ocupação há 56 anos”. A resposta do chefe de estado português foi rápida: “isso é outra coisa: não justifica matarem centenas de inocentes. Sejam prudentes, caso contrário fica mau para todos, para o mundo”.
Depois da passagem de Marcelo pela banca palestiniana, o representante da Palestina em Portugal lamentou que o Presidente português não tenha condenado os ataques israelitas ao longo do último mês e pede mais “compreensão”.
“Temos de criticar a brutalidade dos dois lados, não só de um. A ocupação de 56 anos não foi mencionada. É preciso explicar a razão: quando se terroriza pessoas durante 56 anos, é esta violência que acontece. O ataque não veio do vácuo: pessoas viram a sua liberdade e dignidade recusada, estão sob opressão há décadas”, afirmou Nabil Abuznaid.
À saída do Bazar Diplomático, Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu as palavras e afirmou que também teria pedido moderação a Israel, caso o país estivesse presente.
O Presidente esclareceu o diálogo com o representante palestiniano em Portugal e disse que os ataques do Hamas são "contraproducentes".
O chefe de Estado português explicou que “as Nações Unidas aprovaram dois Estados e que esse é o principal objetivo da comunidade palestiniana”, e acrescentou que os ataques terroristas pelo Hamas “dificultam a causa dos moderados na Palestina”.
[Notícia atualizada às 20h18 de 3 de novembro de 2023]