As dioceses portuguesas vão assinalar, a partir de domingo, a fase inicial de consulta e mobilização das comunidades católicas no processo sinodal convocado pelo Papa, que decorre até 2023.
A auscultação das Igrejas locais é uma etapa inédita, desenhada pelo Papa Francisco, que pediu a cada bispo que replicasse a celebração de abertura que decorreu no Vaticano, a 9 e 10 de outubro, com uma cerimónia diocesana.
A Santa Sé pediu ainda que cada diocese tenha “uma pessoa ou uma equipa de contacto para liderar a fase local de escuta”.
As respostas recolhidas podem ser enviadas para Roma e devem ser entregues à respetiva Conferência Episcopal até abril de 2022, para uma síntese nacional.
O Vaticano explica, no guia prático (vademécum) distribuído em todo o mundo que “a finalidade da primeira fase do caminho sinodal é favorecer um amplo processo de consulta”, com atenção à “voz dos pobres e dos excluídos, não somente daqueles que desempenham alguma função ou responsabilidade” na própria Igreja.
Os responsáveis diocesanos são chamados a “tentar o máximo de inclusão e participação, chegando ao maior número de pessoas possível, e especialmente às que se encontram na periferia e que, muitas vezes, são excluídas e esquecidas”.
Apesar de se sublinhar a importância de integrar o processo em cada diocese, “qualquer grupo ou indivíduo” que não tenha oportunidade de o fazer a nível local pode enviar os seus contributos diretamente para a Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.
O percurso para a celebração do Sínodo está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, ao nível mundial.
A assembleia convocada pelo Papa Francisco tem como tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) promove uma reunião pré-sinodal, coincidindo com a sua Assembleia Plenária de primavera, em abril de 2022.
O padre Manuel Barbosa, secretário da CEP, falou esta terça-feira num processo que “envolve todas as dimensões da Igreja” e onde “todos têm voz”.
“Todas as dioceses estão a trabalhar nesse sentido, têm já uma pessoa de contacto e algumas já constituíram e divulgaram as chamadas equipas sinodais”, acrescentou.
A Secretaria-Geral do Sínodo sublinha que o Papa Francisco “está a convidar todos os batizados a participar neste processo sinodal, que começa a nível diocesano”, pedindo especial atenção às “mulheres, pessoas com deficiência, refugiados, migrantes, idosos, pessoas que vivem na pobreza, católicos que raramente ou nunca praticam a sua fé” e as novas gerações.
“É importante que os batizados escutem a voz de outras pessoas do seu contexto local, incluindo pessoas que abandonaram a prática da fé, pessoas de outras tradições de fé, pessoas sem crença religiosa, etc.”, acrescenta o manual deste processo.
Segundo a Santa Sé, mais do que “simplesmente responder a um questionário”, a fase diocesana destina-se a “oferecer ao maior número possível de pessoas uma verdadeira experiência sinodal de se escutarem umas às outras e de caminharem em conjunto, guiadas pelo Espírito Santo”.
Um Roteiro em 10 passos para a fase diocesana do Sínodo
- Nomeação da(s) Pessoa(s) de Contacto da Diocese
- Criação de uma Equipa Sinodal Diocesana
- Discernir o caminho para a sua diocese
- Planeamento do processo participativo
- Preparação dos coordenadores dos grupos para as reuniões da consulta sinodal
- Disponibilizar um seminário de orientação para a Equipa Sinodal Diocesana e coordenadores locais
- Comunicar a todos
- Implementar, monitorizar e orientar o processo de consulta sinodal
- Reunião Diocesana Pré-Sinodal
- Preparação e apresentação da síntese diocesana
A irmã Nathalie Becquart, subsecretária do Sínodo e coordenadora da Comissão de Metodologia, admite, em declarações à Agência ECCLESIA que, para esta fase diocesana, “o tempo é muito apertado”.
“O desafio é iniciar processos, colocar em caminho: a dinâmica sinodal não deve terminar no próximo mês de abril, deve continuar”, precisa.
A teóloga espanhola Cristina Inogés Sanz, membro da Comissão de Metodologia, destaca, por sua vez, uma “enorme novidade”.
“Há uma relação direta não só entre as dioceses e as conferências episcopais, o que seria o normal, por um lado, mas cada diocese também vai ter acesso direto à Secretaria-Geral do Sínodo. Isso é uma novidade”, precisa.
Celebrações de abertura da fase diocesana do Sínodo em Portugal
17 de outubro
Angra – 18h00, Eucaristia na Catedral.
Algarve – 17h00, Missa na Igreja de São Luís, Faro.
Aveiro – 14h30, Assembleia no Seminário diocesano, seguida de Eucaristia (17h00)
Beja – 16h00, uma conferência pelo cónego Rui Pedro Trigo de Carvalho, do Patriarcado de Lisboa, e intervenção do delegado diocesano, padre Manuel António Guerreiro do Rosário; 17h30, celebração de vésperas, na Sé.
Braga – 15h00, Missa na Sé.
Bragança-Miranda – 18h00, Eucaristia na Catedral de Bragança.
Coimbra – 16h00, celebração na Sé Velha.
Évora – 18h30, Eucaristia na Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora (Salesianos).
Funchal – 17h00, Missa na Sé.
Guarda – 18h00, Eucaristia na Catedral, com a presença da comissão sinodal diocesana.
Lamego – 18h00, celebração na Sé.
Leiria-Fátima – 16h30, cerimónia diocesana de abertura na Sé de Leiria, seguida de Missa às 18h30.
Porto – 16h00, Eucaristia na Sé.
Portalegre-Castelo Branco – 15h00, Assembleia no Cine-Teatro Avenida, Castelo Branco; 18h00, Eucaristia na Cocatedral de Castelo Branco
Santarém – 15h30, apresentação do tema do Sínodo e celebração eucarística, Igreja de Santa Clara.
Setúbal – 15h30, Missa na Sé.
Viana do Castelo – 11h00, Missa na Sé.
Vila Real – 16h00, Eucaristia na Catedral; 17h15, sessão de apresentação do roteiro diocesano, no auditório do Seminário.
Viseu – 15h30, celebração no Seminário Maior.
21 de outubro
Ordinariato Castrense – 11h00, celebração na Igreja da Memória, Lisboa.
25 de outubro
Lisboa – 17h30, celebração na Sé, seguida de Missa (19h00).