O Centro Oncológico do Algarve vai avançar dentro dos próximos três anos. A garantia é de Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).
"Queremos ter todo o cuidado para o doente oncológico do Algarve no Algarve. Apresentámos uma candidatura que já foi aceite. Temos o terreno onde vai ser feito e está a ser tratado o protocolo, para que possa ser assinado e o terreno passe efetivamente para a propriedade do CHUA", adiantou a responsável no Parlamento esta segunda-feira.
"Temos o financiamento que tem de ser executado, respondendo ao prazo, em três anos. No máximo de três anos teremos esta resposta toda integrada no SNS e no Algarve e é isso que queremos."
O Conselho de Administração do CHUA foi ouvido na comissão de saúde da Assembleia da República devido à deslocação a Sevilha de doentes com cancro para tratamentos.
O Movimento em Defesa dos Doentes com Cancro aplaude a criação do Centro Oncológico do Algarve, mas duvida que venha a acontecer.
"Nós achamos que se trata de uma promessa oca e vazia porque parece-nos que foi uma ideia avançada à pressa poucos dias depois do mesmo Conselho de Administração ter enviado os doentes oncológicos do Algarve para Sevilha", refere João Martins à Renascença.
Ana Varges Gomes explicou que esta decisão foi tomada porque a Rede de Referenciação obrigava os doentes da região a deslocarem-se a Lisboa e garantiu que não controla os concursos públicos.
"A Rede de Referenciação obrigava os doentes a irem para Lisboa e nós temos que garantir o acesso a cuidados com qualidade. O acesso em tempo útil não se preconizava com a Rede de Referenciação. Fizemos o concurso para dar resposta aos doentes em tempo útil. Desde 2011 que há concursos públicos para a radioterapia."
A "novidade", adiantou, é que "apareceu um concorrente de Espanha", a par de um concorrente português e de um segundo espanhol e "ganhou aquele que apresentava melhores condições, ou seja, a parte técnica o júri é que avalia".
João Martins, do Movimento em Defesa dos Doentes com Cancro, defende a anulação deste acordo. "Este concurso público internacional deve ser anulado porque a Entidade Reguladora da Saúde não pode entrar em território espanhol e não pode fiscalizar essa empresa", argumenta.
Sobre este ponto, o CHUA explicou que a qualidade do serviço é assegurada por autoridades espanholas que fazem naquele país o mesmo trabalho que a Entidade Reguladora da Saúde faz em Portugal e garantiu que todas as condições estão reunidas para estes doentes.
"O sítio onde os doentes estão a fazer este tratamento é uma unidade hospitalar que tem todas as condições para prestar socorro ao doente caso haja alguma complicação."
Mesmo assim, isso não tranquiliza os doentes com cancro, defende João Martins. "Não tranquiliza coisa nenhuma, porque nós não sabemos o que se passa em Espanha no tratamento de doentes com cancro e preocupa-nos bastante".
O CHUA esclareceu na comissão de saúde que se trata de um contrato anual, que a tradução dos relatórios é feita por um tradutor oficial e que o transporte dos doentes é feito em transporte não urgente, que segundo a lei portuguesa não requer um especialista.
O Centro Oncológico do Algarve será uma unidade gerida pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Até lá, e enquanto os tratamentos continuam a ser feitos em Sevilha, o CHUA garante que assume a responsabilidade.