Na “box” da equipa portuguesa, constituída por duas dezenas de jovens do Instituto Superior Técnico (IST), ultimam-se os preparativos para que nada falhe na sua participação no European Rocketry Challenge (EuRoc).
É, nada mais, nada menos, que o concurso de lançamento de foguetes universitários na Europa, numa iniciativa que tem a assinatura da Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space e que reúne, nesta segunda edição, 19 equipas de estudantes universitários, provenientes de 13 países europeus, num total de 400 alunos.
A anteceder os lançamentos, a maioria agendados para sexta-feira e sábado a partir do Campo Militar de Santa Margarida (Constância), as equipas apresentam as suas invenções no decorrer do “Portugal Air Summit”, a cimeira aeronáutica que começou esta quarta-feira para se prolongar até domingo, no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor.
O EuRoc pretende desafiar estudantes de licenciatura e mestrado a lançarem os seus foguetes de propulsão sólida, líquida ou híbrida, até altitudes de três mil ou nove mil metros.
Aluno de Engenharia Eletrotécnica, Gonçalo Maia conta à Renascença que este é um trabalho que começou “há quase dois anos”, num projeto que envolve, no total, quatro dezenas de alunos de licenciaturas diversas, como “as engenharias Aerospacial, Eletrotécnica, Física, de Materiais ou Mecânica”.
Segundo o porta-voz da equipa, a única portuguesa a participar nesta competição, o que acontece pela primeira vez, “o nosso ‘rocket’ está desenhado para atingir os três quilómetros, a categoria em que compete, com controlo ativo de altitude e um sistema que permite aumentar ou reduzir o coeficiente de atrito” e, consequentemente, “reduzir a velocidade”, além de “paraquedas que permite recuperar o foguetão”.
As expectativas são altas e os jovens portugueses esperam alcançar sucesso, apesar de ser “o primeiro voo que vamos fazer com um ‘rocket’ destas dimensões”.
“Blimunda” é o nome atribuído à criação lusa, inspirada na personagem central de “Memorial do Convento”, romance de José Saramago.
“É uma forma de mostrarmos que os jovens portugueses também têm iniciativa e que querem aprender mais, deixando uma marca diferente, tal como era a personagem do escritor”, conclui Gonçalo Maia.
ORION2, o drone com cabo que pode voar 24 horas seguidas
Além da competição que estimula jovens universitários europeus, o “Portugal Air Summit” reúne, em cada edição, as entidades e personalidades mais relevantes da indústria para debater e analisar o potencial e futuro da Aviação, Aeronáutica, Espaço e Defesa.
Trata-se de um ponto de encontro dos “stakeholders” do setor, contando também com uma área de exposição, conferências, reuniões e workshops, assim como uma vertente lúdica.
Muitas empresas aproveitam para dar a conhecer novos produtos. É o caso da Leitek – Innovative Solutions, com sede em Lyon (França) e que mostra em Portugal uma nova tecnologia.
“Nós produzimos o ORION2, um drone com cabo, uma nova tecnologia diferente dos drones convencionais, permitindo um voo com maior duração”, explica à Renascença, Paula Gonçalves, responsável pelo desenvolvimento empresarial da Leitek.
“Por exemplo, o voo de um drone normal têm a duração entre 30 a 50 minutos, tendo que voltar à terra para trocar a bateria e, só depois, regressar aos céus, podendo perder-se, nesse espaço de tempo, muita informação importante”, refere.
Com o drone da empresa francesa, “com cabo, isso não acontece, pois ele consegue voar até 24 horas, de forma ininterrupta e sempre em segurança.”
A Leitek trabalha com diferentes tipos de eventos, que podem ir, segundo Paula Gonçalves, “da cobertura de espetáculos, até à segurança pública e privada, controlo de fronteiras e até mesmo na deteção de incêndios.”
Em Portugal, a partir da cimeira aeronáutica, a responsável pelo desenvolvimento empresarial da Leitek, espera “encontrar muitos parceiros”, tendo em conta que “o drone cabeado” está a “suscitar muita curiosidade junto dos visitantes neste primeiro dia de evento.”
“Um sonho” chamado F-16
Até dia 17, há muito para ver e conhecer. A cimeira aeronáutica de Ponte de Sor apresenta também um vasto programa de entretenimento que promete fazer as delícias dos visitantes, sobretudo no fim-de-semana, quando as portas se abrirem, gratuitamente, para o público em geral.
Verdadeira atração é, seguramente, o F-16 da Força Aérea Portuguesa (FAP).
O F-16MLU fez o seu primeiro voo com as insígnias nacionais a 26 de junho de 2003. As duas esquadras de F-16 estão sedeadas na Base Aérea nº 5 (Monte Real) e mantêm por missão a luta aérea ofensiva e defensiva e as operações contra alvos de superfície.
“O F-16, embora seja um avião que nasceu na década de 70 do século XX, continua a ser um avião muito atual. Voa a cerca de 50 mil pés de altitude, atinge uma velocidade de cerca de 2.500 quilómetros por hora e tem uma autonomia de três horas”, explica-nos o Sargento-ajudante Ferreira, da FAP, que compara o avião a “uma arma de guerra.”
À Renascença, o militar adianta que com a presença no “Portugal Air Summit”, a FAP quer “mostrar aos portugueses, a capacidade do Estado português na defesa do seu espaço aéreo.”
Por estes dias, é então possível ver de perto e entrar no F-16 que está em exposição no aeródromo de Ponte de Sor.
“Uma alegria” para muitos, confirma o Sargento-ajudante Ferreira. “As pessoas querem admirar este emblemático avião e para gente, poder tocar e entrar nele, é o realizar de um sonho”, assegura.