O Hospital Padre Américo, em Penafiel, tem tido dificuldades em disponibilizar camas para os pacientes das urgências. Os utentes têm sido obrigados a aguardar sentados nos corredores ou deitados em macas.
Esta terça-feira, e depois do alerta da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) confirmava à Renascença que ainda havia 50 pessoas à espera de camas.
Para Natália Almeida, cuja mãe está internada no hospital, só há uma palavra para classificar a situação: "Caos". "Há macas e cadeirões por todo o lado. Corredores, salas, salas de ortopedia... tudo cheio".
A mãe da senhora de 62 anos já "está numa cama" e tem sido "bem atendida", mas para Natália Almeida isso não invalidará o "caos nos corredores".
Já Pedro Barbosa, de Celorico de Basto, teve de recorrer às urgências na madrugada de domingo. O filho partiu o pé e teve de ser transportado pelo INEM para as urgências do Hospital de Penafiel.
Esteve quase 24 horas no corredor à espera de uma cama. "Só foi operado no dia seguinte, porque havia muita gente à frente. O hospital está sobrelotado", explica.
Hospital sem espaço para responder à "grande afluência"
O militar reformado viu "várias pessoas nos corredores", mas entende que o centro hospitalar "não consiga atender tantos casos urgentes que chegam ao hospital". De acordo com o Conselho de Administração, as urgências do CHTS abrangem meio milhão de utentes.
"Só ontem [segunda-feira], contei sete ambulâncias nas urgências, fora as que estavam no parque", salienta Pedro Barbosa. O Hospital Padre Américo "tem respondido o melhor possível, dentro das possibilidades dos funcionários, médicos, enfermeiros e operacionais de assistência".
Mais camas podem ser solução, mas o utente de 62 anos acredita que, "tendo visto várias salas do hospital", isso poderá retirar espaço e qualidade de atendimento dos pacientes.
Nos últimos tempos, Luísa Cruz tem ido várias vezes ao Hospital de Penafiel, depois de a filha ter fraturado o braço na escola. Nas urgências de ortopedia, admite ter visto "muita gente" nos corredores e que o hospital está "lotado".
No entanto, a utente de 36 anos também compreende as dificuldades que o centro hospitalar terá para acorrer aos milhares de pacientes das várias regiões do norte do país. Segundo Luísa Cruz, o "hospital não é muito grande" e recebe "muita gente lá de cima, do Marco de Canaveses, de Bragança".
"Vem tudo para este hospital, eles não podem fazer mais do que o que já estão a fazer."
Para fazer face à situação crítica nas urgências, o Conselho de Administração do CHTS já confirmou à Renascença que prevê um investimento em 50 novas camas para 2023.