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Rui Rio voltou a atacar o PS, esta segunda-feira, por causa do défice do saldo externo, lembrando que foi este mesmo problema que levou à entrada da Troika em Portugal, no tempo de José Sócrates.
A troca de acusações entre os dois levou mesmo a uma situação caricata, em que compararam os seus respetivos “Mários Centenos” no segundo debate da rádio, organizado pela Renascença, Antena 1 e TSF.
Rui Rio estava a responder a uma pergunta sobre o que considerava ser um salário decente, dizendo que o PSD queria aumentar o salário mínimo dos 600 para os 700 euros, quando disse que o problema mais grave não era esse, mas o modelo económico seguido pelo PS.
“O modelo de crescimento da nossa economia, assente no consumo e a puxar pelo produto, não pode dar bom resultado a longo prazo. O saldo externo está a cair. O modelo de crescimento não coloca as empresas à frente mas são elas que vão pagar bons ou maus empregos, bons ou maus salários”, disse.
“Temos de ter muito cuidado com o saldo externo, porque foi isso que determinou a vinda da Troika há uns anos. Não estou a dizer que estamos nesse patamar, nem de longe nem de perto, mas temos de ter cuidado”, alertou.
António Costa não quis deixar passar este ataque e desafiou Rui Rio a olhar mais de perto para os números, para ver que o desequilíbrio se devia ao facto de ter havido uma grande compra de equipamentos e máquinas, precisamente porque as empresas se estão a modernizar e deu como exemplo o ano corrente: “77% da degradação deste ano deve-se à compra de aeronaves porque a TAP está a modernizar a sua frota. O défice não é por falta de produção, é por modernização da nossa economia”.
Rui Rio ripostou e brincou com o Costa, dizendo que “sabe, eu também tenho o meu Mário Centeno, e ele avisou-me que você ia dizer isso”. Refira-se que "o Mário Centeno" de Rio é Joaquim Sarmento, que foi assessor económico do então Presidente da República, Cavaco Silva, entre 2012 e 2016. Já à saída do debate, Costa sublinharia que, ao contrário de Mário Centeno, Sarmento "nem na lista de deputados está".
Reveja o debate na íntegra:
Antes de poder prosseguir, porém, o primeiro-ministro lançou a sua própria farpa: “mas olhe que eu não troco o meu pelo seu, e os portugueses também não”. Este seria um tema recorrente ao longo do debate, com Costa a dizer que mesmo que Mário Centeno saia do Governo para ir para as instituições Europeias “seis meses do meu Centeno são melhores que quatro anos do seu”.
Rui Rio não se deixou ficar, contudo, e apontou para quadros que mostram que a diminuição do saldo externo não é apenas um problema pontual, mas vem-se agravando desde que o PS ganhou as eleições. “Não há aviões da TAP que expliquem a degradação do saldo até agora.”
Passes sociais. “Não revogo, mas melhoro, diz Rio”
Outro dos temas que deu grande discussão foi a redução do valor do passe social único. António Costa puxou desse trunfo, dizendo que a redução tinha permitido a muitas famílias portuguesas poupar até 300 euros por mês e elencando-a como uma das grandes medidas que permitia melhor qualidade de vida aos portugueses, juntamente com a descida do IRS e o alargamento da tarifa social de 70 mil famílias para 800 mil famílias.
Costa recordou que Rui Rio tinha votado contra a redução do preço dos passes e perguntou-lhe se, caso vencesse as eleições, iria revogar a medida.
Rui Rio respondeu que não o faria, mas que a iria melhorar.
“A redução dos passes sociais é uma boa medida por razões sociais, ambientais e é uma função do Estado. Mas, foi feito em cima do joelho para as eleições europeias e legislativas. Já tem os operadores a berrar por falta de pagamento, porque foi feito rapidamente.”
O líder do PSD disse também que era preciso melhorar a oferta, pois esta não chegava para a procura.
António Costa respondeu novamente com números, dizendo que já existe um grande concurso para a compra de 700 novos autocarros, construídos em Vila Nova de Gaia, para além de outros meios de transporte, levando Rui Rio a acusá-lo, precisamente por isso, de eleitoralismo.