O que revelam estes atentados?
Os atentados de Paris revelam, em meu entender, uma ineficácia de funcionamento do sistema de informações ou, pelo menos, da transmissão da informação às forças de segurança.
O que é que neste momento os serviços de segurança devem fazer? Que estratégia devem seguir?
Têm que controlar de uma forma muito mais eficaz as pessoas que, certamente, estão referenciadas como pertencendo a este tipo de grupos. Custa-me a admitir que quer os serviços franceses, quer os serviços de informação, quer os de segurança, não tenham referenciados estas pessoas. Há a tendência, muitas vezes, quando a situação é de alguma tranquilidade, para cruzar um bocadinho os braços. Isto é a demonstração de que esse tipo de atitude não é admissível.
É previsível um aumento dos cuidados com a segurança. Acredita que entre os mais penalizados estarão, por exemplo, os milhares de refugiados que procuraram a Europa e poderão vir a ser alvo de uma maior desconfiança?
Este tipo de ataques dá origem, normalmente, a reacções da extrema-direita, a reacções de tipo xenófobo. Não creio que seja essa a atitude desejável. Da massa de refugiados que estamos a receber, não vejo que exista uma percentagem significativa de pessoas que estejam predispostas a entrar neste tipo de actos.
Mas tem havido tanta dificuldade burocrática, por exemplo, na sua recolocação noutros países europeus. Acredita que estes refugiados serão alvo de uma vigilância muito mais apertada?
Estou convencido que sim, que isso vai acontecer. Se criarmos, nessas pessoas, uma situação de marginalidade ou marginalização, podemos estar a criar um caldo para que essas pessoas possam vir a ser integradas em meios onde o potencial de violência pode ser desenvolvido.