Pelo menos cinco pessoas morreram esta segunda-feira numa manifestação contra o Governo na praça Tahrir, em Bagdad, elevando para 82 o número de mortos nos protestos no Iraque desde quinta-feira, anunciaram as autoridades.
Na sequência dos protestos, que decorrem desde o início do mês e já fizeram 239 mortos, o exército decretou hoje um recolher obrigatório entre a meia-noite e as seis da manhã em Bagdad, onde milhares de manifestantes ocupam desde quinta-feira à noite a praça Tahrir. O cessar-fogo fica em vigor "até nova ordem", precisa o exército em comunicado.
As manifestações no Iraque começaram no dia 1 de outubro para pedir a “queda do regime”, quando se assinala o primeiro ano do novo executivo iraquiano, que implementou uma série de reformas económicas alvo de contestação.
A contestação decorreu até agora em duas fases. A primeira, entre 1 e 6 de outubro, provocou, segundo números oficiais, 157 mortos, quase todos manifestantes. A segunda começou na quinta-feira à noite, após uma interrupção de 18 dias, por ocasião de uma importante peregrinação xiita e fez, até agora, 82 mortos, de acordo com um balanço da comissão governamental de direitos humanos.
Segundo essa comissão, a maioria das mortes ocorreu nas províncias de Missane e Zir Qar, no sul do país, onde os manifestantes atacaram ou incendiaram sedes de partidos, de grupo armados e gabinetes de dirigentes.
Milhares de estudantes uniram-se hoje aos protestos antigovernamentais, apesar de as forças de segurança terem lançado gás lacrimogéneo e granadas sobre os manifestantes para impedir que atravessassem a ponte principal, que leva à Zona Verde, onde se situam a maior parte dos ministérios e muitas embaixadas.
Na praça Tahrir, epicentro dos protestos onde se mantêm centenas de iraquianos desde quinta-feira, os estudantes gritaram tratar-se de “uma revolução estudantil” e criticaram o Governo e os partidos.
Na sexta-feira foram incendiadas sedes de partidos, gabinetes de deputados e sobretudo instalações de fações armadas do Hachd al-Chaabi, uma coligação de paramilitares, dominada por milícias xiitas pró-iranianas e aliada do governo iraquiano.
A missão da ONU no Iraque (Unami) disse estar "muito preocupada com entidades armadas que procuram comprometer a estabilidade do país".