Logo na intervenção de abertura da Comissão Política do partido e com uma maioria absoluta no bolso, António Costa fez questão de pedir ao PS que reflicta sobre as causas que levam as pessoas a votarem no Chega e na Iniciativa Liberal (IL), ambos partidos novos provenientes do campo da direita.
Segundo disseram à Renascença fontes que estiveram presentes na reunião que decorreu à porta fechada, o líder socialista terá mesmo assumido que nem todos esses votos no Chega ou na IL são provenientes dos partidos tradicionais da direita - PSD ou CDS - e que terá funcionado o voto de protesto contra o PS.
Aos dirigentes nacionais, e segundo as mesmas fontes, Costa terá mesmo pedido que o partido dê contributos para encontrar formas de rejuvenescimento do eleitorado do PS, ou seja, formas de garantir o voto dos jovens no partido daqui para o futuro.
Uma preocupação do líder socialista com as novas forças políticas e de como travar a transferência de voto nos partidos tradicionais para outros campos ideológicos que foi reforçada no final da reunião da comissão política e de viva voz pelo secretário-geral adjunto José Luís Carneiro.
Em declarações aos jornalistas, o número dois de Costa no PS assumiu que é preciso "compreender as razões pelas quais os cidadãos procuram alternativas, soluções de política alternativa e nalguns casos soluções que colidem com valores constitucionais, assim como o modo como houve posicionamentos políticos à direita e posicionamentos políticos à esquerda".
O PS acabado de conquistar uma maioria absoluta preocupa-se assim com o que pode vir aí no futuro, com uma espécie de aviso à navegação para que o partido se prepare para atos eleitorais que irão, forçosamente, surgir dentro do ciclo de quatro anos de governação - as eleições europeias em 2024, as autárquicas de 2025 e as presidenciais de 2026.
O que vai acontecer ao PS depois dos quatro anos de governação com maioria absoluta - partindo do princípio que o ciclo decorre normalmente e sem interrupções - é uma preocupação que, de resto, já vem sendo levantada por dirigentes nacionais.
Como assumiu recentemente um dirigente do PS à Renascença, "a seguir é que é". Ou seja, no pós-Costa e após quatro anos de eventual desgaste, com "um parlamento hostil" e uma "rua mais brava".