Escola de Faro produz viseiras para professores que vão retomar aulas
17-05-2020 - 07:45
 • Lusa

Na Escola Pinheiro e Rosa, em Faro, já foram produzidos mais de 3.000 exemplares entregues a profissionais essenciais.

Veja também:


Depois do auxílio aos profissionais de saúde e às forças da segurança, uma escola de Faro decidiu produzir viseiras para distribuir pelos professores do ensino secundário, cujas aulas presenciais retomam na segunda-feira, para minimizar a propagação da covid-19.

Há quase dois meses, a Escola Pinheiro e Rosa, em Faro estabeleceu uma parceria com vários ‘makers’ – nome pelo qual são conhecidos os construtores e utilizadores de impressoras a três dimensões (3D) -, para a conceção de viseiras de proteção.

Ao todo, foram já produzidos mais de 3.000 exemplares entregues a profissionais essenciais, processo que, numa fase final, se centrou em assegurar a produção de unidades para a segurança dos professores do 11.º e 12.º anos do concelho de Faro, prestes a regressar às aulas.

“Fiz saber aos meus colegas diretores que iríamos disponibilizar 50 viseiras para cada escola secundária. Temos ali uma caixa para um agrupamento de Faro e ali outra para outros, para serem distribuídos pelos professores” afirmou à Lusa o diretor do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa.

Francisco Soares revelou que algumas estão “já reservadas” para os docentes da sua escola secundária, que também está em contagem decrescente para voltar a receber parte da sua comunidade escolar.

É numa sala de aula e laboratório que se faz “a receção e tratamento do suporte impresso em casa dos quase 50 ‘makers’” - que trabalharam durante semanas, sem cessar - e onde se inicia a linha de montagem. A entrega é feita por uma janela situada a curta distância do portão da escola , num processo “que se inicia pela desinfeção com lixívia e secagem”.

A explicação é interrompida quando Francisco Soares é contactado telefonicamente por um colega diretor a saber se as ‘suas viseiras’ já estão prontas. “Tudo OK. Podes vir buscar quando quiseres”, responde.

A produção do equipamentos de proteção começou quando chegou a informação de que não havia equipamentos para alguns profissionais e os professores começaram “a questionar se seria possível usar a impressora da escola para fabricar viseiras”.

A resposta foi positiva e foi possível obter “uma verba para a compra dos materiais”, quando a notícia chegou à comunicação social, com produtores caseiros que, depois, “se quiseram juntar ao projeto”, revelou.

Francisco Soares realçou que o processo reuniu um total de “quase 50 produtores” do ‘Makers District Faro’, além de um “parceiro profissional” que disponibilizou “uma das suas fresas de corte de PVC”, conseguindo produzir “entre 150 a 200 viseiras num dia”, valor que iguala a produção de todos os ‘makers’.

Não muito longe de Faro, uns 20 quilómetros a norte, na vila serrana de São Brás de Alportel, onde habitam pouco mais de 10.500 pessoas, surgiu também uma dinâmica entre os ‘makers’ e o município que possibilitou produção de 3.800 viseiras.

“Com a abertura do comércio local, a produção está dirigida para esse setor, assim como para a escola secundária, mas já foram entregues a profissionais da saúde, forças policiais e imprensa local e regional”, adiantou à Lusa Paulo Silva, responsável pelas instalações desportivas do município.

É nas instalações das Piscinas Municipais que se faz a montagem final das viseiras – película protetora e elástico - sendo a entrega devidamente agendada para evitar “deslocações desnecessárias das pessoas”.

Teresa Gago, coproprietária de uma drogaria com o nome de família, enquanto levantava a sua ‘encomenda’, contou à Lusa que já tomou “outras precauções” no seu estabelecimento, como a “colocação de um acrílico em frente ao balcão”, admitindo, no entanto, que as viseiras “são sempre mais uma valia”.

Vítor Gonçalves , professor de Tecnologia de Informação e Comunicação numa escola de São Brás de Alportel é um dos responsáveis, desde o início, pela produção do suporte das viseiras, juntamente com outros ‘makers’. A produção, contou, começou “de forma individual, com alguma desorganização”, resolvida depois com “a intervenção da Câmara”.

É na garagem da sua casa que a Lusa encontra aquele foi um dos dez finalistas do ‘Global Teacher Prize’ Portugal 2019, competição que premeia professores que se destaquem na forma como transmitem os seus ensinamentos aos alunos.

É aí que tem instaladas duas das várias impressoras que mantém em funcionamento praticamente 24 horas por dia, já que a “lentidão na impressão” obriga a uma “atenção constante”, para garantir um ritmo de produção.

Vítor Gonçalves realça que houve um esforço “em aumentar o numero de impressoras”, envolvendo mais ‘makers’ e angariando verbas que “permitiram a aquisição de oito impressoras” que, no total, contabilizam “mais de 20 unidades de produção” a quem “a Câmara fornece o filamento de forma gratuita”, realçou.