O novo presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Policia (ASPP) revela à Renascença que há um "mal-estar" crescente na PSP, após mais de um ano de combate à pandemia, e que o cenário de protestos está a ser considerado, apesar das negociações com o Governo.
São várias as restrições aos direitos dos polícias que continuam em vigor. Paulo Santos queixa-se de que os agentes de segurança têm estado no terreno e "sujeitos a um conjunto de restrições de constrangimentos e de atropelos aos seus mais elementares direitos", que têm colocado em causa "a própria dinâmica da polícia e o estado de espírito dos polícias".
"Há elementos que tendo já atingindo o limite de idade estão totalmente barrados de poder ir para a sua pré-aposentação, que é o que está estipulado na lei. Para além disso, há elementos de apoio ao serviço operacional que estão a ser colocados diariamente no terreno no combate à pandemia através de fiscalizações e outras operações, e estão a ser pagos a 1,87 euros por dia de trabalho através do fracionamento de um suplemento que é totalmente ilegal e que não corresponde em nada ao que devia ser o pagamento correto e justo e que está estabelecido por lei, que era através de um suplemento de piquete", exemplifica.
Outra preocupação do presidente da ASPP é a vacinação dos agentes da PSP. Paulo Santos nega nega que mais de 90% dos polícias estejam vacinados: "Temos casos concretos de comandos do país e de divisões policiais em que o pessoal está na rua a combater a pandemia e não estão vacinados. Ficaram totalmente excluídos do processo de vacinação."
Polícias admitem "outras formas de luta"
Há contacto com o Governo e deverão avançar negociações, por exemplo, sobre o subsídio de risco. Porém, Paulo Santos acredita que, por agora, não existem mais do que promessas e apenas sobre alguns destes pontos.
"Não podemos ficar reféns de um conjunto de dinâmicas que nos escapam. Temos os nossos limites e as nossas formas de reação ao que consideramos não estar correto. Vamos dar mais algumas semanas. Há aqui questões muito concretas que deviam ser acauteladas e resolvidas, quer por parte do Governo, quer por parte da Direção Nacional", refere.
O novo presidente da ASPP admite recorrer às formas de luta previstas na lei em finais de abril, caso não haja melhorias concretas. Paulo Santos reconhece que o protesto das polícias é cada vez mais provável, visto que as várias questões levantadas pelos polícias "tardam em ser resolvidas":
"Iremos ponderar no fim de abril se há condições para continuarmos a manter um diálogo sério e franco com a tutela. Ou se, caso não haja respostas efetivas e concretas e não haja um reconhecimento efetivo do trabalho que temos desenvolvido, teremos de falar com os polícias para perceber se há a necessidade, que me parece já começar a haver, de partirmos para a utilização de formas de luta que nos assistem."