Marcelo Rebelo de Sousa voltou a criticar as celebrações do 19.º título do Sporting, na passada terça-feira à noite, dizendo que foi um episódio que não se deve repetir.
“Foram 20 anos de espera, eu percebo isso, mas houve um efeito que não pode ser replicado no futuro próximo”, disse, em entrevista à RTP, esta quinta-feira.
Sem apontar o dedo as responsáveis concretos, o Presidente lamentou que “os diques” tenham sido rompidos, sobretudo quando se compara com outras manifestações de grandes grupos.
“Olhando para as imagens de Fátima, a disciplina e o exemplo da Igreja Católica, o comportamento em espetáculos, o esforço das pessoas, foi ontem ultrapassado porque os diques foram rompidos.”
“Eu falei com vários protagonistas e disseram-me que por muita prevenção que tivesse havido, os diques iriam romper.”
“Temos de ter cuidado, faltam semanas e meses e não podemos recuar para indicadores muito negativos em Lisboa e Vale do Tejo. É uma lição. Temos ainda a final da Taça, Champions e várias celebrações religiosas, sociais”, concluiu.
O Presidente da República optou por não indicar responsabilidades políticas na falta de cumprimento de regras na festa pelo conquista do campeonato pelo Sporting.
“Para ir aos factos que apurei há uma leveza na ponderação das soluções alternativas ao Marquês de Pombal”, disse Marcelo.
“Era possível ter pensado nas consequências das soluções alternativas”, afirmou o Presidente para quem as várias organizações envolvidas minimizaram os “problemas de organização”. Questionado diretamente sobre as responsabilidades do ministro da Administração Interna, Marcelo disse não ter informações sobre a intervenção direta de Eduardo Cabrita.
“Não é possível haver um fiscal atrás de cada cidadão”, afirmou ainda Marcelo, preocupado por achar que “este ano as pessoas sentem-se mais à vontade no desconfinamento e isso é um erro”.
Confrontado ainda com os dados de uma sondagem da RTP, que indica que perto de metade dos portugueses querem ver o Presidente a ser mais exigente com o Governo, Marcelo mostrou-se surpreendido por serem tão poucos, dizendo que normalmente esses números rondam os 60 ou 70%.
“As pessoas não querem brincar em serviço, querem estabilidade, que a legislatura vá até ao fim e que o Governo governe melhor”, afirmou.
O Presidente disse ainda nesta entrevista que acredita que o Orçamento do Estado vai passar pelo Parlamento. “Estou convencido que o orçamento passa, com base de apoio similar ao último orçamento. É a minha análise”, afiançou.
[Notícia em atualização]