Do número 10 ao número 7. Jogadores franceses eternizados pela música


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O "suspeito" carrasco de Portugal

Suspenso da presidência da UEFA, envolto em grandes suspeitas que o ligam ao caso de corrupção na FIFA, não deixa de ser um dos mais aclamados jogadores franceses do passado.

Falamos de Michel Platini, o homem que afastou Portugal nas meias-finais de 1984 e que liderou a França na conquista desse Europeu em casa. Para ver aqui o resumo desse fatídico jogo para Portugal.

Polémico, no último Europeu de futebol fez saber que a passagem de Portugal aos quartos-de-final (ou a eliminação da Holanda) o deixou "desiludido". Nesse Euro 2012, a equipa das quinas chegou às meias-finais.

Mais controverso ainda, o momento em que festejou o que não devia ter festejado. Fica a memória de Heysel, Bélgica, e os festejos "chocantes" de Michel Platini, autor do único golo da trágica partida entre Juventus e Liverpool, na final da Taça dos Campeões Europeus. A 29 de Maio de 1985, o hooliganismo provocou a morte a quase quatro dezenas de adeptos italianos.

Mas como qualquer notável marcador de golos, e pelas alegrias que deu a França, ainda é hoje cantado pela música.

Platini segura ainda o título de melhor marcador num só Europeu, com nove golos. É "rock and roll" levado à letra pelo grupo francês Dionysos.


Ou uma lânguida canção de amor. Como a de Julien Doré, cantautor que ganhou fama num programa televisivo. Nem é da geração que viu Platini jogar, mas decidiu dedicar-lhe uma música no seu último álbum, “Love”.


Eric, o alfacinha adoptado

E onde anda o "enfant terrible" que exportou o futebol francês para Inglaterra, nos anos 90? Aqui vemo-lo a promover a cobertura do Euro 2016 da britânica ITV, mas ele está mais próximo de nós do que imaginaríamos.

Com a sua característica pronúncia francesa, fala das pequenas superstições ("the little supersticions") e evoca uma das declarações mais icónicas do futebol. Em 1995, quando estava a ser julgado pelo pontapé que aplicou a um espectador em Crystal Park, disse apenas, numa conferência de imprensa: "Quando as gaivotas seguem a traineira, é porque pensam que as sardinhas vão ser lançadas ao mar". Estava a referir-se aos jornalistas, claro.

Agora, dedica-se à representação (já fez quase 30 filmes depois do oscarizado "Elizabeth", de 1998) e é verdade que já não torce por França (o lado do coração do futebol é Inglês).

Eric Cantona está a viver em Lisboa e revelou, recentemente, ao jornal inglês The Guardian que até não desgostava que Portugal ganhasse o Euro, para poder festejar nas ruas da capital portuguesa.

Já sabe: se Portugal chegar à final e, porventura, estiver em Lisboa, esteja atento à figura de Cantona. E cuidado com as gaivotas...


Na música, Eric Cantona é imortalizado na banda sonora do filme que o põe a dar conselhos filosóficos a um carteiro fanático por futebol - “Procurando Eric”, de Ken Loach (2009). O compositor George Fenton é o responsável por “Não sou um homem, sou Cantona”.


E com os dias do futebol lá atrás, Eric Cantona voltou a vestir a número 7 para o videoclip da música que lhe é dedicada pelo amigo Cali.


E, depois, claro, há sempre esta, que lhe é associada desde aquele teatral pontapé com a camisola do Manchester United, em 1992. Um momento que causou um certo choque mas que o tempo e a distância ajudaram a que contribuísse antes para uma certa aura de mito e lenda em torno de Cantona. A música é de 1974, do jamaicano Carl Douglas.


O apanha-bolas que festejou o golo de Platini contra Portugal

A especialidade de Zinedine Zidane é outra, bem nos lembramos. Mas, de novo, no futebol, o que provoca reacções extremadas num certo momento acaba por ver diluir a sua gravidade no tempo.

Da sua infância, reza a lenda de que era apanha-bolas nesse França-Portugal de 1984 e que será mesmo Zizou o miúdo que, atrás da baliza de Bento, festeja aos saltos o golo de Platini no prolongamento, aos 119 minutos. Zidane conta que, em criança, escolhia sempre ser Platini, nos jogos com os amigos.

Liderou os Bleus na conquista do Mundial de 98, em França. Marcou de cabeça, por duas vezes, na final contra o Brasil. E inspirou também o filme conceptual que o segue durante o jogo Real Madrid-Villareal, em 2005 – “Zidane: Um retrato do século XXI”.

A banda sonora é da é da responsabilidade do grupo escocês de "post-rock" Mogwai.

Filhos de emigrantes argelinos, Zizou é também cantado por uma banda australiana praticamente desconhecida, até que esta música se tornou um fenómeno na Internet por altura do último Mundial. Terá ajudado a história e a realização do videoclip, filmado numa loja de conveniência.

A enumerar jogadores – nenhum como Zidane (e o primeiro é Cristiano Ronaldo) – está a voz do jornalismo desportivo na Australia, Les Murray.

Alerta: é das orelhudas. De 2014, “Zinedine Zidane”, dos Vaudeville Smash.


"Som de Bola", por Maria João Cunha (jornalista) e Paulo Teixeira (sonorização). Arquivo Renascença: Ana Isabel Almeida

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