A NATO está a preparar o maior exercício militar no terreno desde a Guerra Fria. A Aliança Atlântica quer atestar, nos primeiros meses de 2024, a prontidão de mais de 40 mil soldados aliados para repelir um eventual ataque da Rússia contra um dos Estados-membros.
O exercício Steadfast Defender representa um esforço militar regular da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) para assegurar a prontidão das forças aliadas da América do Norte e da Europa. A última edição, em 2021, não envolveu sequer 10 mil militares de 20 países, e teve lugar na Alemanha, Portugal e Roménia.
Três anos depois, de acordo com o Financial Times esta terça-feira, o cenário vai ser muito diferente. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a NATO está em crescimento e a focar-se em capacidades militares mais robustas, capazes de agir em cenário de guerra, e quer mostrar a Moscovo que está pronta a combater.
Os exercícios vão decorrer na Alemanha, Polónia e países Bálticos, em fevereiro e março de 2024, e vão contar com a participação de 32 países - incluindo a Suécia, como parceira da Aliança, já que a acessão do país à NATO ainda não foi ratificada pela Turquia nem pela Hungria.
Os 32 países vão empenhar cerca de 41 mil militares, mais de 50 navios e executar entre 500 e 700 missões de combate aéreo contra um inimigo chamado “Occasus” - modelado à imagem de uma coligação liderada pela Rússia.
A edição de 2024 do Steadfast Defender também será a primeira a utilizar dados geográficos reais, para criar cenários mais realistas para as tropas.
O aumento significativo de forças empenhadas neste exercício militar é o resultado de uma nova estratégia, em que a NATO realiza dois grandes exercícios militares por ano, ao invés de apenas um. A Aliança também vai treinar as suas forças para combater ameaças terroristas nos países com os quais partilha fronteiras.
Em junho de 2022, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou que a Aliança Atlântica ia aumentar o número de forças em estado de prontidão de 40 mil para “bem mais de 300 mil” militares.
Já em julho de 2023, os líderes da NATO chegaram a acordo sobre a criação de novos planos de defesa regional, e anunciaram a criação de uma Força Aliada de Reação, uma força multinacional capaz de responder prontamente a ameaças.
Os países do Báltico têm pedido, consistentemente, que a NATO fortaleça o flanco de Leste, com tropas a acumularem-se na fronteira com a Bielorrússia. Em resposta, Vladimir Putin acenou com o arsenal nuclear da Rússia, dizendo que ia colocar essas armas no país em julho – algo que ainda está por confirmar.
A NATO tem colocado batalhões com soldados de vários países na região do Báltico, prontos a abrandar o progresso de qualquer invasão. A Alemanha destacou entretanto 4 mil militares para a Lituânia de forma permanente.
O mar Báltico também está a ser palco de um exercício anual das Guardas Costeiras de 13 países da NATO e Suécia, envolvendo 30 navios de guerra e cerca de 3.200 militares durante duas semanas, nas águas da Estónia e da Letónia.
“A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia alterou radicalmente a situação de segurança no mar Báltico, e a NATO aumentou substancialmente a presença defensiva na região”, destaca Dylan White, porta-voz em funções da Aliança. “Exercícios como este enviam uma mensagem clara de que a NATO está pronta para defender cada centímetro de território aliado.”