O Reino Unido comparou, esta segunda-feira, o cerco à cidade ucraniana de Mariupol à abordagem que a Rússia teve na Chechénia em 1999 e na Síria em 2016, em que tinha com alvo áreas habitadas.
Na sua mais recente atualização sobre a guerra na Ucrânia, o Ministério da Defesa britânico refere que “grandes áreas de infraestrutura foram destruídas” ao mesmo tempo que foram registados números significativos de mortes. Ainda assim, Mariupol tem resistido ao cerco russo.
“Os comandantes russos devem estar preocupados com o tempo que está a demorar a tomar Mariupol. A resistência ucraniana testou as forças russas e desviou homens e material, desacelerando os avanços da Rússia noutros locais”, aponta o relatório de inteligência britânico desta segunda-feira.
A cidade portuária junto à região do Donbass é um ponto estratégico importante para Rússia e Ucrânia e encontra-se cercada há várias semanas, atravessando uma grave crise humanitária.
Em 1999, um mês depois de Vladimir Putin se tornar primeiro-ministro, a Chechénia, uma pequena república russa na fronteira com a Geórgia, foi invadida por forças russas e a sua capital, Grozny, violentamente atacada. No ano de 2016, a Rússia juntou-se ao regime sírio para o bombardeamento da cidade de Aleppo, com ataques aéreos que a Human Rights Watch descreveu como “indiscriminados” e que mataram mais de 440 civis.
No final de março, a Amnistia Internacional já tinha avisado que a invasão russa da Ucrânia se tratava de uma "repetição" da situação na Síria, com uma "multiplicação de crimes de guerra" após um mês de conflito.
"Estamos [a assistir] a ataques intencionais a infraestruturas civis, casas ou bombardeamentos de escolas", sublinhou na altura a secretária-geral da Organização Não-Governamental (ONG), Agnès Callamard, acusando a Rússia de permitir que corredores humanitários se transformem em "armadilhas de morte".