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O ex-diretor-geral da Saúde Francisco George desafiou esta terça-feira Fernando Nobre para um debate sobre a vacina contra a Covid-19, na sequência das declarações que o médico proferiu numa manifestação de negacionistas.
Para Francisco George, a posição de Fernando Nobre "é absolutamente intolerável", considerando que reflete "atitudes incompreensíveis que um médico não pode ter".
"Recentemente vi circular nas redes sociais uma opinião do presidente da AMI que está absolutamente contra as vacinas, num tom que um médico não pode adotar", afirmou o especialista de Saúde Pública, em declarações à Renascença.
Francisco George disse que Fernando Nobre "não fala em vacinação, fala em injeção, diz que não aceita que a neta seja injetada, não aceita que os filhos sejam injetados, não aceita que os portugueses sejam injetados".
Para Francisco George, Fernando Nobre não tem razão: "Se tivesse razão ainda estaríamos no tempo da varíola, das grandes epidemias de varíola".
"Isto porque a varíola continuava, porque não tinha sido impedida de se propagar pela vacinação, que foi a primeira grande vacina eficaz que acabou não só com a doença como também com o agente", salientou.
Francisco George criticou o fundador da AMI por veicular "informações transmitidas publicamente de uma forma enganadora".
O antigo diretor-geral da Saúde diz ainda considerar "útil" o debate contra o negacionismo e que este não deve ser ignorado.
"As pessoas estão a fazer propaganda negacionista sem fundamento e têm de ser confrontadas diretamente com contraditório. Têm de explicar porque é que defendem essas mentiras. O debate serve de esclarecimento da verdade para a população portuguesa", defende, à Renascença.
Fernando Nobre é fundador e presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), foi candidato à Presidência da República em 2010 e eleito deputado pelo PSD nas legislativas de 2011, tendo renunciado ao mandato um mês depois, após ter falhado a eleição para presidente do parlamento.
Em 22 de outubro de 2020, o médico apelou aos deputados para que votassem contra a obrigatoriedade de máscara na rua, alegando que estavam em causa direitos e liberdades fundamentais num tema que não reunia consenso científico.
Na intervenção que fez na manifestação, Fernando Nobre considerou "inacreditável" vacinar crianças e jovens dos 12 aos 16 anos e referiu que se tratou a si próprio da infeção, assim como à mulher e à filha, com medicamentos que não estão aconselhados para a Covid-19.
"Numa semana estávamos todos bem", assegurou Fernando Nobre, que salientou ainda que trabalhou em várias epidemias e nunca recebeu "nem mais um cêntimo" por isso, alegando que era esta a sua função de médico.
Esta terça-feira, a Ordem dos Médicos abriu um processo disciplinar a Fernando Nobre, na sequência de uma queixa sobre as declarações que prestou numa manifestação de negacionistas da pandemia de Covid-19.