Guterres mostra "humildade" perante a "terrível complexidade" do mundo moderno
06-10-2016 - 17:01
 • Carlos Calaveiras

Na primeira declaração depois da aclamação como secretário-geral da ONU, Guterres agradeceu aos portugueses, confessou "emoção" e prometeu servir "os mais vulneráveis".

“Humildade e gratidão” perante a “terrível complexidade dos dramas do mundo moderno”. Na primeira declaração após a sua aclamação como secretário-geral da ONU, António Guterres exprimiu um “profundo agradecimento” aos portugueses.

"Para descrever aquilo que sinto neste momento bastarão duas palavras: humildade e gratidão", disse Guterres no discurso que fez no Palácio das Necessidades, em Lisboa.

"Gratidão em primeiro lugar em relação ao membros do Conselho de Segurança, pela confiança que em mim exprimiram, mas gratidão também em relação à Assembleia Geral das Nações Unidas e a todos os Estados-membros, por terem decidido um processo exemplar de transparência e de abertura”, disse.

Guterres considera que o processo de eleição foi um "processo exemplar de transparência" na ONU".

"Foi com emoção que verifiquei que o Conselho de Segurança pôde decidir em unidade, por consenso, de forma atempada. Gostaria de exprimir um sincero voto de que tal facto seja simbólico e que tal facto represente uma capacidade acrescida do Conselho de Segurança para, em unidade e em consenso, ter a possibilidade de tomar a tempo as decisões que o mundo conturbado em que vivemos exige.”

O antigo alto comissário da ONU para os refugiados está consciente dos "enormes desafios" que tem pela frente e da "terrível complexidade dos dramas do mundo moderno". Neste contexto, diz-se disponível “para servir, sobretudo para servir os mais vulneráveis, as vítimas dos conflitos, do terrorismo, das violações dos direitos, da pobreza e das injustiças deste mundo”.

Na sua declaração, feita em português e repetida depois em inglês, francês e castelhano, Guterres deixou uma palavra para Ban Ki-moon, o ainda secretário-geral da ONU. "Quero aqui prestar-lhe homenagem e quero apelar a todos os Estados-membros para que colaborem activamente, que apoiem activamente Ban Ki-moon na sua acção, nas suas iniciativas no final do seu mandato, para que termine o seu mandato com o maior êxito", disse.

Elogiou os outros concorrentes ao lugar de secretário-geral da ONU, "cuja inteligência, dedicação e cujo empenhamento nesta campanha muito contribuíram para o prestígio das Nações Unidas”.

Parlamento unânime

Depois da declaração de Guterres, os deputados da Assembleia da República aprovaram esta quinta-feira por unanimidade um voto de congratulação ao candidato português.

Guterres foi aclamado esta quinta-feira pelo Conselho de Segurança como sucessor de Ban Ki-moon na liderança da ONU.

A decisão já era dada como certa depois da votação informal de quarta-feira – o ex-primeiro-ministro português não recebeu qualquer voto de desencorajamento, o que significa que os cinco países com direito a veto não se opuseram à sua nomeação.

A aclamação por parte do Conselho de Segurança é uma primeira formalidade a que se segue a votação na Assembleia Geral da ONU, mas na qual não se prevêem dificuldades.