A presidente da Comissão Europeia defendeu, este sábado, que a União Europeia (UE) se deve focar em “questões mais urgentes” do que o debate sobre os direitos intelectuais das vacinas anticovid-19, como a exportação para países de baixo rendimento.
“Penso que é muito importante e deveríamos estar abertos a esta discussão […] e ter um olhar atento sobre o papel do licenciamento. É importante que estes sejam tópicos a discutir, mas devemos estar cientes de que estes são tópicos a longo prazo, não a curto ou médio prazo”, disse Ursula von der Leyen, em declarações aos jornalistas após o final de um Conselho Europeu informal, no Palácio de Cristal do Porto.
Falando sobre uma eventual suspensão das patentes de vacinas contra a Covid-19, a líder do executivo comunitário vincou que a UE não deve “perder de vista as principais urgências”, que são “produção de vacinas o mais rapidamente possível e a salvaguarda de que estas são distribuídas de forma justa e equitativa”.
Vincando que existem “tópicos que devem ser abordados” antes, Ursula von der Leyen assinalou que “a União Europeia é a farmácia do mundo, tendo já exportado 200 milhões de doses de vacinas, metade das doses produzidas, para 90 países diferentes no mundo de baixo rendimento.
“Convidamos outros a fazer o mesmo [porque] esta é a melhor maneira de, a curto prazo, abordar os estrangulamentos e a falta de vacinas em todo o mundo”, vincou a responsável.
Na quarta-feira passada, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que apoiava a suspensão das patentes das vacinas contra a Covid-19, uma proposta que tinha sido inicialmente avançada pela Índia e pela África do Sul na Organização Mundial do Comércio.
Ainda que políticos europeus como Ursula von der Leyen ou o Presidente francês, Emmanuel Macron, se tenham mostrado disponíveis para debater a proposta, outros já se opuseram à discussão sobre as patentes.
Com o objetivo de harmonizar as posições, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que o tema seria debatido hoje pelos chefes de Estado e de Governo da UE na Cimeira do Porto, organizada pela presidência portuguesa da UE.