Aposentações e burocracia. Falta de professores pode agravar-se ao longo do ano letivo
03-01-2024 - 07:53
 • André Rodrigues

No final do primeiro período, havia milhares de alunos sem professor a, pelo menos, uma disciplina. Carreira docente pouco atrativa afasta jovens da profissão. Filinto Lima admite que a soma de centenas de aposentações com o excesso de burocracia na substituição de docentes pode agravar a situação. Segundo período de aulas arranca esta quarta-feira para um milhão de alunos.

A falta de professores nas escolas poderá agravar-se ao longo do ano letivo, alerta o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Esta quarta-feira, cerca de um milhão de alunos regressam às aulas, depois de um primeiro período em que milhares não tiveram professor a pelo menos uma disciplina.

Em declarações à Renascença, Filinto Lima admite que “a situação poderá agravar-se, porque em dezembro centenas de professores jubilaram-se".

Cenário que deverá repetir-se em janeiro e fevereiro: “não é fácil a sua respetiva substituição e, por outro lado, sabemos que os nossos jovens não querem seguir a carreira de professor”.

Questionado sobre o número exato de docentes que saíram até 31 de dezembro do ano passado e sobre os que poderão sair nos primeiros meses de 2024, Filinto Lima diz que “não é fácil quantificar”, mas diz não ter dúvidas de que é um problema que "tende a agravar-se, enquanto não for resolvido de uma forma estrutural”.

A pouco mais de dois meses das eleições legislativas, Filinto Lima insiste na “necessidade de um pacto para a Educação em Portugal” e apela ao futuro ministro das Finanças “para que apoie o colega da Educação” no pagamento dos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço congelado.

Para Filinto Lima, o desbloqueio do impasse seria “um passo importante” para promover a atratividade da carreira docente que, à falta de recursos humanos, procura alternativas em profissionais de outras áreas fora do ensino.

“Não sendo a solução ideal, é a solução que existe”, admite o presidente da ANDAEP.

“Não há uma aposta forte na educação e, portanto, os professores preferem outras profissões que não o exercício da carreira docente, porque são mais bem pagos, a progressão é mais apetecível e, portanto, alguns deles deixam mesmo a carreira docente para se dedicarem a outras profissões”, conclui.