A Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a variante JN.1 do coronavírus que provoca a Covid-19 como “de interesse”, o que significa que desenvolveu algum tipo de características distintas da variante precedente, a BA.2.86, que já é prevalente em Portugal.
Num comunicado emitido esta terça-feira, a agência das Nações Unidas sublinha que, com “base na evidência disponível, os riscos de saúde adicionais trazidos pela JN.1 são atualmente avaliados como baixos”.
“Apesar disso, com a chegada do inverno no hemisfério norte, a JN.1 pode aumentar o número de doenças respiratórias em diversos países”.
A organização sublinha ainda que a Covid-19 não é a única doença respiratória em circulação. A gripe, o vírus sincicial respiratório (VSR) e a pneumonia infantil comum “estão em crescimento”.
Segundo o relatório do INSA, divulgado esta terça-feira, a sublinhagem BA.2.86 e as suas descendentes, como a JN.1, representa atualmente 90% dos novos casos de Covid-19 em Portugal.
"A linhagem BA.2 da variante Omicron foi dominante em Portugal nos primeiros meses de 2022, tendo, desde então, mantido uma circulação discreta, até ao surgimento da sua sublinhagem BA.2.86, a qual foi detetada pela primeira vez na semana 33 de 2023 (14 a 20 de agosto). Nas últimas semanas, a BA.2.86 (e suas descendentes) tem apresentado uma frequência relativa com tendência fortemente crescente, atingindo 90% entre as semanas 46 e 49, sobretudo devido à circulação da sua sublinhagem JN.1."
"Embora as frequências relativas apresentadas devam ser interpretadas com prudência devido baixa amostragem atual, a linhagem BA.2.86 é já claramente dominante em Portugal", refere o INSA.
"A linhagem BA.2.86 tem suscitando interesse internacional devido ao seu perfil mutacional, o qual representa um “salto evolutivo” em relação à sua ancestral BA.2, sendo também divergente em termos antigénicos das variantes XBB. Estas características conferem-lhe uma maior capacidade de fuga ao sistema imunitário, e, potencialmente, uma maior transmissibilidade", sublinha o INSA.
De acordo com o último relatório da Direção-Geral de Saúde, “a notificação de casos de infeção por SARS-CoV-2 estabilizou”.
O virologista Paulo Paixão, ouvido pela Renascença, diz que, esta sublinhagem está a provar que há razões para ser seguida com toda a atenção.
Tendo em conta que a maior parte da população está imunizada contra a Covid-19 e que os grupos de risco estão vacinados, o especialista acredita que esta variante não deverá provocar doença grave. Ainda assim, diz que pode ter algum impacto nas hospitalizações.
Preocupante mesmo, segundo diz Paulo Paixão, é que este é o primeiro ano em que há três vírus respiratórios a circular em simultâneo, o que pode tornar o próximo Inverno ainda mais complicado.
[notícia atualizada às 19h35]