O economista e deputado do PS Mário Centeno espera aprovar todos os orçamentos da legislatura, caso António Costa seja nomeado primeiro-ministro e forme um novo Governo.
Entrevistado no programa “Conselho de Directores”, Centeno espera cumprir o défice até 3% no final do ano, garante governação europeísta e assegura que a reposição de salários até baixará o défice em 2016.
Leia o que disse Centeno na conversa com Pedro Santos Guerreiro ("Expresso"), Henrique Monteiro ("Expresso" e Raquel Abecasis (Renascença), moderada por José Pedro Frazão.
Novas medidas melhoram défice nos próximos dois anos
"O conjunto de medidas com incidência orçamental em 2016, o balanço entre aquelas que foram, de facto retiradas, as TSU [taxa social única], mais aquelas que foram adicionadas, que têm a ver com a reposição dos salários e com a questão das pensões, que são impactos em 2016 muito pequenos, o conjunto dessas medidas tem um impacto directo no Orçamento, positivo no sentido de melhoria ligeira do défice de 21 milhões de euros. Em 2017, este impacto ainda é maior, porque em 2017 as medidas da taxa contributiva iam aumentando de dimensão, aliás, isso é uma coisa importante que eu queria frisar, e o impacto em 2017 é positivo, também, de 360 milhões de euros."
Novas medidas dos acordos têm aplicação gradual
"Estas medidas, principalmente aquelas que são mais pesadas do ponto de vista orçamental, há um compromisso para aquela trajectória, mas essa trajectória é gradual. Ou seja, não cabe na cabeça de ninguém que nós estejamos neste momento a aprovar os orçamentos de 2016, 2017, 2018 e 2019. Isto é para perceber o que vai acontecer."
Aprovação dos próximos quatro orçamentos
"Tenho a convicção que vou aprovar os orçamentos todos. Também acho que, à excepção do de 2016 que vai ser aprovado muito brevemente, os outros não vão ser exactamente iguais ao que está no cenário macroeconómico projectado pelo PS, porque a economia tem andamentos que nós não conseguimos prever ao milímetro."
Vontade de cumprir défice até 3% em 2015
"Há uma vontade grande, e isso é absolutamente genuíno do Partido Socialista, para que o défice deste ano permita ao país sair do procedimento de défices excessivos."
Se o PS vai governar ao centro nessa matéria? "É governar na Europa. Pertencemos à Europa."
Mercado não gosta de privatizações opacas
"Eu não sei que contas é que foram fechadas na TAP. É uma das grandes críticas e dos grandes problemas, num tom mais geral, da forma como o anterior Governo, que era muito pró-mercado, para ser curto, geriu todas estas contingências mercantis. Foi uma coisa que não foi completamente transparente e tenho dúvida de que o mercado goste."
Reencontrar a Europa que perdemos
"Acho que nos últimos quatro anos perdemos a Europa, baixámos os nossos níveis de qualificações. Os portugueses emigraram para a Europa, nós cá dentro perdemos a nossa participação na Europa. Eu acho que isso é preciso reverter."