O secretário-geral adjunto do PS considerou hoje que o PSD não quer ser esclarecido sobre a atuação dos serviços de segurança e acusou os sociais-democratas de fazerem uma oposição "muito pouco responsável" em relação ao interesse nacional.
"O maior partido da oposição não quer efetivamente ser esclarecido", disse à Lusa João Torres, em reação à conferência de imprensa onde o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, considerou que o primeiro-ministro assumiu hoje que o ministro das Infraestruturas mentiu na comissão de inquérito à TAP e ao país.
"Rejeito em absoluto as premissas dessa intervenção, rejeito em absoluto as conclusões dessa mesma intervenção e insisto que o PSD não quer ser esclarecido. Insisto que o PSD quer apenas instalar artificialmente ruído e confusão", sublinhou João Torres.
O dirigente socialista fez ainda um apelo aos sociais-democratas, sugerindo que o PSD tenha "mais sentido de ponderação na forma como intervém publicamente", destacando que "esta forma de fazer oposição é muito pouco responsável e é muito pouco cuidadosa em relação ao interesse nacional".
No apelo, João Torres instou o PSD a deixar de fazer "uma oposição que é encarada pela generalidade dos portugueses como uma oposição indigente, uma oposição muito pobre".
"Isso não enobrece a vida política do nosso país, porque numa democracia moderna, madura e desenvolvida, num regime democrático sólido, é muito importante que a oposição esteja também à altura da sua responsabilidade, é muito importante que a oposição esteja à altura das suas responsabilidades. E não é isso manifestamente que tem acontecido", vincou.
João Torres considerou também que a estratégia do PSD se deve a "problemas internos" e porque o governo "tem apresentado bons resultados do ponto de vista económico e do ponto de vista social".
"Os portugueses já há muito se aperceberam da falta de grandeza do maior partido da oposição e também já se aperceberam da falta de grandeza da liderança do maior partido da oposição. Uma liderança que tem sido ligeira, superficial e um autêntico vazio de ideias", apontou o socialista.
Os sociais-democratas reagiram na sede nacional do partido às respostas hoje enviadas pelo primeiro-ministro, António Costa, ao PSD relativas à atuação dos serviços de segurança na recuperação de um computador levado do Ministério das Infraestruturas, em que afirma que a ação do SIS não envolveu qualquer autorização sua nem resultou de sugestão do seu secretário de Estado Adjunto, António Mendonça Mendes.
Questionado sobre se o PSD admite avançar com uma comissão de inquérito à atuação das "secretas", Hugo Soares reafirmou que o partido não exclui qualquer instrumento, até porque ainda falta ouvir no parlamento o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, mas deixou algumas dúvidas sobre a utilidade deste mecanismo.
"Se temos ministros a mentir numa comissão parlamentar de inquérito com a anuência do primeiro-ministro, colocamos em causa a sua utilidade, se for para os ministros continuarem a mentir", disse.
O dirigente social-democrata acusou ainda o Governo de parecer "ter interesse em prolongar esta novela": "Sinceramente, dá a sensação de que o Governo não fala propositadamente com clareza e com verdade ao país, porque enquanto esta novela prossegue, há uma vida real lá fora", acrescentou.
"Face às respostas hoje dadas pelo primeiro-ministro, das duas uma: ou demite imediatamente o ministro João Galamba, a quem imputou ter mentido ao parlamento numa comissão de inquérito e ao país ou podemos dizer que o senhor primeiro-ministro se demitiu do país", afirmou o social-democrata.