As mais recentes suspeitas de corrupção na Madeira, que envolvem o presidente do Governo Regional, são o culminar da “podridão do regime jardinista”, denuncia Gil Canha, antigo deputado regional que, em 2018, foi o autor de várias denúncias no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) sobre as relações entre o Executivo de Miguel Albuquerque e os principais grupos económicos da região.
Em causa, diz o antigo deputado e ex-vereador na Câmara do Funchal, "os três grandes grupos económicos - o Grupo Pessoa, o Grupo Pestana e o Grupo Avelino Farinha & Agrela – que já controlavam toda a economia, a comunicação social e condicionavam o próprio governo regional”.
Nestas declarações à Renascença, Gil Canha saúda “este choque” para pôr cobro ao que diz ser uma “situação de exceção”, embora admita ter “sérias dúvidas de que isto dê algum resultado prático”.
Paulo Cafofo? “Não tem estrutura ética para dizer seja o que for”
Questionado sobre a posição assumida pelo líder regional do PS, Paulo Cafofo - que exige a demissão de Miguel Albuquerque sob o pretexto de que “a Madeira não pode ser o faroeste” - Gil Canha, que foi vereador do urbanismo no tempo em que o Cafofo era presidente da Câmara do Funchal, diz não reconhecer dimensão moral para proferir essas declarações.
Há um ano, o Ministério Público abriu um inquérito a Paulo Cafofo, por suspeitas de tentativa de financiamento do PS-Madeira, através da viciação de contratos de obras públicas com empresas privadas dos setores da publicidade e da construção civil.
Os factos remontam ao tempo em que o, ainda, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas era autarca do Funchal, entre 2013 e 2019.
As suspeitas, que também envolvem as autarquias de Machico, Porto Moniz e Ponta do Sol apontam para a possível prática dos crimes de corrupção, tráfico de influências, participação económica em negócio e abuso de poder.
Perante estes factos, e a posição assumida pelo líder regional do PS, Gil Canha entende que “Paulo Cafofo tem os mesmos tiques de corrupção que o dr. Miguel Albuquerque e que o senhor Pedro Calado” e está a tentar "cavalgar uma onda em que ele não tem nenhum princípio, nem nenhuma estrutura ética para dizer seja o que for” em matéria de corrupção.