A secretária-geral da CGTP defendeu, esta quinta-feira, que Portugal não pode “ficar submetido” às restrições da Comissão Europeia no que concerne aos apoios para fazer face à crise, exigindo a mudança das prioridades que “não servem” o país.
“Sabemos que os fundos colocados pela União Europeia para os Estados-membros recuperarem estão sujeitos a condicionalismos (…) e restrições. O Governo tem que decidir o que é necessário para o desenvolvimento do país, não pode ficar submetido a estas restrições que nos são impostas”, afirmou Isabel Camarinha, em declarações à Lusa, durante a concentração organizada pela intersindical, em Lisboa.
Conforme sublinhou a sindicalista, não se pode aceitar que os fundos excluam “áreas necessárias e imprescindíveis”, por isso, os trabalhadores “exigem a mudança destas opções de submissão”.
Apesar de reconhecer que as medidas levadas a cabo pelo executivo trouxeram “alguma melhoria” para os trabalhadores, a líder da central sindical notou que são ainda insuficientes e, maioritariamente, direcionada para os grandes grupos.
“Estamos a ter aumento de desemprego e, sobretudo, os trabalhadores precários estão numa situação de grande dificuldade porque quase todos foram despedidos. Muitos trabalhadores, supostamente, independentes também foram despedidos. Houve medidas que meteram um penso rápido numa ferida que precisava de uma cirurgia”, apontou.
Cerca de quatro centenas de pessoas concentraram-se hoje no Cais do Sodré, em Lisboa, pelas 15:00, tendo seguido em direção à Assembleia da República.
A CGTP convocou uma jornada de luta para hoje com várias ações em todos os distritos.
Os trabalhadores empunhavam faixas da intersindical, onde se liam frases de ordem como: “Por um Portugal com futuro” ou “Queremos estabilidade”.
Vários manifestantes transportavam ainda seringas de imitação, apelando à sindicalização.
Isabel Camarinha fez um balanço positivo das ações levadas a cabo, referindo que estas tiveram uma “grande participação em todo o país”.
A sindicalista adiantou ainda que está previsto um novo conjunto de ações, como a luta dos jovens em 25 de março, em Lisboa e no Porto.
Do lado dos partidos, o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, que se juntou ao protesto na Assembleia da República, afirmou ser necessário valorizar os salários e os direitos dos trabalhadores, notando que os apoios em vigor não chegam e que o Orçamento do Estado tem medidas que “estão por concretizar”.
Por sua vez, José Luís Ferreira do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) disse estar na concentração em solidariedade “com todos os trabalhadores que estão em luta contra a precariedade laboral que se está a sentir em todo o país”, tecendo ainda críticas ao acordo entre o PS e PSD que alarga o período experimental, “onde há mais precariedade”.
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que está em consulta pública até 1 de março, com cerca de 14.000 milhões de euros de subvenções, tem um período de execução até 2026 e prevê um conjunto de reformas e investimentos para alavancar o crescimento económico.