A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) pediu hoje às Santas Casas que acolham refugiados fugidos da invasão russa na Ucrânia, no seguimento de um apelo humanitário feito pelo Governo.
Numa nota enviada à agência Lusa, a UMP apela à sua rede de misericórdias do país que reúnam condições para acolhimento de cidadãos e famílias ucranianas refugiadas, podendo envolver alojamento e criação de postos de trabalho.
Na mesma nota, a UMP refere que "este apelo humanitário decorre no âmbito do desafio lançado pelo Governo às misericórdias, para se mobilizarem para esta operação de emergência, no que respeita ao acolhimento e apoio a cidadãos ucranianos que pretendam refugiar-se em Portugal".
O presidente da UMP, Manuel de Lemos, sublinha no documento que "a mobilização das Santas Casas faz parte da missão e compromisso das misericórdias, reforçando que a história "já comprovou a força das misericórdias na ajuda humanitária e em tempos de emergente incerteza social".
"A mobilização de todos é, acima de tudo, a nossa obrigação", sublinha.
O desafio de apoio humanitário das misericórdias foi lançado pela Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, à UMP, num momento em que a "Europa e o mundo vivem momentos difíceis e de severa complexidade com o aparente início de uma guerra que inevitavelmente pode provocar muitas mortes e também a inevitável deslocação de milhares de pessoas para fora dos seus territórios".
Manuel Lemos afirma que, "perante este cenário, a resposta foi imediata", tendo em conta a natureza da missão da UMP e da sua rede de misericórdias.
Para definir o apoio que pode ser dado à população ucraniana fugida à invasão russa ao seu país, a UMP adianta que "está já a fazer um levantamento da assistência que cada santa casa pode prestar" aquando da chegada destes refugiados a Portugal.
A UMP é uma associação de âmbito nacional, criada em 1976 para orientar, coordenar, dinamizar e representar as misericórdias, defendendo os seus interesses e organizando atividades de interesse comum.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
O Alto Comissariado para as Migrações (ACM) criou um e-mail específico, sosucrania@acm.gov.pt, para que seja dada informação aos cidadãos que queiram vir para Portugal, para além de também estar disponível a Linha de Apoio a Migrantes, em ucraniano, através do contacto +351 218 106 191. Para saída da Ucrânia e vinda para Portugal os cidadãos podem também contactar o Gabinete de Emergência Consular através dos contactos seguintes + 351 217 929 714; + 351 961 706 472.