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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) critica a falta de liderança na resposta ao novo coronavírus e a escassa solidariedade demonstrada pelas potências para com os países mais desfavorecidos.
“Estou particularmente preocupado com a falta de solidariedade com os países em desenvolvimento na resposta à pandemia do novo coronavírus, que pode estender-se como um incêndio, e na resposta aos dramáticos impactos sociais e económicos”, afirmou durante uma conferência de imprensa virtual.
António Guterres lamentou que os dirigentes do G-20 tenham recusado a sua proposta de estabelecer um mecanismo de coordenação das suas ações em resposta à doença e estejam a atuar cada um por seu lado, o que cria o risco de o vírus não desaparecer, mas, sim, que passe de um lado para outro.
“É infeliz que não tenha sido possível para a comunidade internacional encontrar um mecanismo de liderança sólida em relação à luta contra a pandemia”, assinalou.
Questionado sobre essa alegada falta de liderança internacional, Guterres considerou “evidente” que há uma carência e que a comunidade internacional “está dividida no momento em que seria importante mais do que nunca estar unida”.
A China, onde se iniciou o vírus, e os EUA, a grande potência global e o país mais afetado, mantêm um duro confronto a propósito do novo coronavírus, que impediu grandes iniciativas mundiais e que se tornou claro no Conselho de Segurança da ONU, onde as suas diferenças têm impedido até agora a aprovação de uma resolução sobre a pandemia.
A este propósito, Guterres recordou que a relação entre as grandes potências é, nos dias de hoje, “muito disfuncional”, o que complica a tomada de decisões no Conselho.
O dirigente da ONU defendeu a necessidade de que todos os Estados, mas sobretudo os mais poderosos, sejam capazes de alcançar consensos para atuar de forma efetiva, tanto no âmbito sanitário, como quanto aos desafios da paz e segurança que a pandemia coloca, para que exista uma recuperação adequada.
Ao nível global, a pandemia de Covid-19 já causou mais de 234 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas, das quais mais de um milhão já conseguiu recuperar.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.