A imprensa do Canadá vai receber quase dois terços da contribuição financeira prometida pela multinacional Google aos meios de comunicação social em troca da distribuição de conteúdos, anunciou o Governo federal canadiano na sexta-feira.
No final de novembro, depois de meses de negociações, Otava e o gigante californiano anunciaram um "acordo histórico", no âmbito do qual a Google pagaria aos meios de comunicação social canadianos 100 milhões de dólares (cerca de 92 milhões de euros) por ano como compensação pela perda de receitas publicitárias.
"A quota-parte que as estações de televisão e rádio vão receber está limitada a 30%, a da CBC/Radio-Canada [grupo público de radiodifusão canadiano] a 7%, o que deixa os restantes 63% para a imprensa escrita", indicou o Governo federal.
O acordo entre o Canadá e a Google faz parte da entrada em vigor, na terça-feira, do novo "Online News Act", conhecido como C-18, legislação introduzida pelo Governo do primeiro-ministro, Justin Trudeau, para travar a erosão da imprensa no país, que tem beneficiado os gigantes digitais.
A Meta, a outra multinacional afetada por esta nova legislação, continua a opor-se ao texto. Desde 1 de agosto que as redes sociais Facebook e Instagram bloqueiam os conteúdos noticiosos no Canadá para não terem de compensar as empresas de comunicação social.
"Vamos continuar a pressionar a Meta, que está a fazer milhares de milhões de dólares em lucros, sem querer investir na estabilidade e no rigor jornalístico", disse Trudeau aos jornalistas na sexta-feira.
Muitos dos meios de comunicação social do país encontram-se atualmente em má situação financeira, tendo sido anunciados vários planos de despedimento nas últimas semanas.
O mais recente é o da CBC/Radio-Canada, que anunciou o corte de 600 postos de trabalho, ou seja, 10% da força de trabalho, além de eliminados 200 postos de trabalho vagos, enquanto a rede de televisão canadiana TVA vai despedir um terço dos efetivos, ou seja, mais de 500 trabalhadores.