Cerca de 85% dos portugueses com mais de 65 anos consome sal em excesso, segundo um estudo da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP).
De acordo com a professora Teresa Amaral, coordenadora do projecto, esta percentagem da população "consome mais de cinco gramas de sal por dia, valor máximo diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)".
Este é um dos resultados finais do projecto Nutrition UP 65 – a que a agência Lusa teve acesso - cujo objectivo foi avaliar o estado nutricional dos portugueses com mais de 65 anos e aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde, criando mudanças a médio e longo prazo na vida da população idosa.
Os dados obtidos mostram ainda que cerca de 44% dos idosos apresentam excesso de peso e 39% têm obesidade, sugerindo-se, nestes casos, "uma intervenção prudente", individualizada, adaptada aos gostos individuais, diversificada em alimentos, sabores e texturas, evitando dietas restritivas, de forma a preservar a massa muscular e óssea.
Relativamente à nutrição e à hidratação, cerca de 15% desta população apresenta risco de desnutrição, encontrando-se 1.3% desnutridos e 11.6% problemas de hidratação.
Quanto à fragilidade (associada à uma maior morbilidade e mortalidade), 50% dos idosos demonstram sinais desse factor e 30% de pré-fragilidade, valor que baixa para 11,1% no que toca à perda de massa, força e função musculares em consequência do envelhecimento.
Os especialistas propõem uma hidratação adequada e uma ingestão apropriada de energia, micronutrientes, fibras e fontes proteicas (como a carne, o pescado e os ovos).
Vida activa ao ar livre
Aos idosos com baixo risco de doença, sugerem uma vida activa e ao ar livre, uma alimentação baseada em alimentos nutricionalmente densos (fruta e hortícolas), dando prioridade aos pratos tradicionais (tendo como base leguminosas e hortícolas), bem como à sua proveniência regional e sazonal.
Aconselham ainda a moderação no consumo de sal e a prática de exercício físico (através da realização de exercícios aeróbicos e de força), devendo estas medidas ser adaptadas às especificidades de cada um e o estado nutricional avaliado regularmente.
Considerando a elevada prevalência de deficiência (39.6%) e de inadequação (29.4%) de vitamina D registada, os investigadores indicam que uma suplementação desta vitamina "é fundamental para repor os níveis adequados, mantendo, em simultâneo, uma alimentação globalmente equilibrada".
Para os responsáveis, esta suplementação torna-se mais necessária no inverno, visto que na primavera e no Verão a prática de actividades ao ar livre (fora das horas maior calor) possibilita a síntese desta vitamina, para além de melhorar a capacidade física e a regulação dos ciclos de sono e de vigília.
Para obtenção dos resultados foram avaliados 1.500 pessoas com idades entre os 65 e os 100 anos, numa investigação que abrangeu uma amostra representativa em termos de região geográfica, sexo, idade e nível educacional e que implicou a recolha de amostras de sangue e de urina.
Este projecto contou com a participação de investigadores da FCNAUP, do Departamento para a Pesquisa do Cancro e Medicina Molecular da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE.