O diretor clínico do Hospital de Santa Maria admite que pode ser ativado o plano de contingência no serviço de pediatria, devido à recusa dos médicos em fazerem mais horas extraordinárias e ao encerramento das outras urgências na Grande Lisboa.
Em declarações à Renascença, Rui Tato Marinho explica que o Hospital de Santa Maria já registou um aumento da afluência à urgência da pediatria.
"Nós normalmente temos à volta de 120 doentes por dia. Ontem foram quase 180. É um aumento significativo", assinala o responsável.
Neste momento, a unidade hospitalar apenas recebe na urgência de pediatria doentes referenciados "através dos cuidados de saúde primários ou dos centros de saúde, da linha Saúde 24 ou então por outros médicos". O plano de contingência pode ainda implicar o "recrutamento de outros médicos que estão a fazer urgência noutros locais do hospital".
O diretor clínico garante que a situação no Hospital de Santa Maria é serena, mas admite que a situação pode complicar-se com os anunciados encerramentos das urgências pediátricas dos hospitais da Grande Lisboa. É o caso dos hospitais Amadora-Sintra e Garcia de Orta, em Almada.
Para Rui Tato Marinho, a solução pode passar pelo reforço das equipas com médicos desses hospitais. "Mas isso depende da Direção Executiva" do Serviço Nacional de Saúde, disse.
"Já se passou noutras especialidades. É difícil mudar a atitude e trabalhar muito em equipa, mas eu acho que é uma proposta que deve estar em cima da mesa, e nós temos estado a conversar com outros hospitais, até porque Santa Maria tem médicos a fazer formação noutros hospitais, e se essas urgências encerram poderá ser necessário que eles deem uma ajuda neste porta-aviões", explicou o médico.
Tato Marinho reconheceu, por outro lado, que não consegue assegurar as urgências de obstetrícia no hospital São Francisco Xavier, como estava previsto, enquanto a maternidade de Santa Maria está em obras.
"Como a maternidade está encerrada, houve sete especialistas que saíram do hospital no momento, alguns colocam a hipótese de regressar. Já conseguimos contratar mais um para nos ajudar aqui nas atividades, algumas atividades de obstetrícia, mas estamos com dificuldade em fazer as escalas sozinhos no hospital de São Francisco Xavier, e temos neste momento cinco médicas com baixa", descreveu o diretor clínico.
Apesar de tudo, Rui Tato Marinho passa uma mensagem de tranquilidade aos utentes do hospital de Santa Maria. Na unidade de saúde, apenas 6% dos médicos recusam fazer mais do que 150 horas extraordinárias: são 90 em 1.500.
[Notícia corrigida com novo título, após esclarecimento do diretor clínico do Hospital Santa Maria. Título original alterado: “Hospital de Santa Maria fecha urgência pediátrica a doentes não referenciados”]