O Governo de Lisboa admite a hipótese de reforçar a cooperação económica com a Venezuela. Quem o reconhece é o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, em declarações à Renascença.
Depois de um encontro em Caracas com a ministra venezuelana de Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, José Luís Carneiro não avançou pormenores, mas garantiu que é essa a intenção.
“Ao transmitir à senhora ministra a vontade que há dela própria participar activamente na comissão mista de avaliação do acordo de cooperação em Junho, naturalmente que falámos nas diversas dimensões da cooperação, nomeadamente cultural, mas também económica. Essa é a intenção e a vontade do senhor ministro dos Negócios Estrangeiros”, afirmou.
Numa altura em que a Venezuela atravessa um período de grande dificuldade, José Luís Carneiro revelou que já estão a ajudar 80 portugueses. “Estão a receber um apoio especial para emigrantes carenciados”, esclareceu.
O secretário de Estado avança ainda que há casos de “cidadãos com posses mais elevadas” que estão a pedir passaporte português porque querem “escolher residência noutros países mais seguros”.
Apesar destas solicitações, o governante não espera que haja muitos pedidos neste sentido, uma vez que ”a grande maioria dos portugueses que se encontra na Venezuela tem a sua vida aqui estabelecida, tem as suas famílias, o seu património, as suas empresas e portanto dificilmente estes portugueses sairão” da Venezuela.
De acordo com José Luís Carneiro, na Venezuela há cerca de 200 mil portugueses inscritos nos serviços consulares e ainda mais de 500 mil luso-descendentes.
A Venezuela tem a mais alta taxa de inflação do mundo e enfrenta actualmente uma escassez de produtos nos supermercados e nas farmácias e uma crise energética.
A combinação das diferentes crises levou a uma escalada da tensão, que por vezes tem gerado múltiplos confrontos nas ruas, saques a lojas e roubos.